Os irmãos Coen já procuraram explorar a amargura do guionista mas nunca se sentiram particularmente atraídos pelo universo da criação musical. Até agora. Depois de adiantarem uma eventual colaboração com o jovem autor Noah Baumbach, de quem admiraram num programa televisivo o seu último projecto, Margot and the Wedding, os Coen preparam-se agora finalmente para entrar no universo musical por um caminho até agora virgem na filmografia americana.
Inspirados pela vida do músico Dave van Ronk, o patrono do fenómeno folk norte-americano, os irmãos preparam-se para recuperar o ideário que acompanhou os primeiros músicos folk que deram à Greenwich Village nova-iorquino contornos miticos. Pela história, a primeira incursão nessa etapa musical americana, passam também personagens do nivel de Bob Dylan, Joan Baez e Joni Mitchell, figuras influenciadas directamente pelo discurso e atitude do cantautor conhecido como o Mayor of MacDougal Street, nome dado à sua autobiografia que servirá de ponto de partido para o guião do filme.
O projecto entra directamente para o topo da lista dos Coen que depois do sucesso de True Grit estão actualmente a escrever o guião de Gambit, um thriller criminal com Cameron Diaz, Colin Firth e Alan Rickman e dirigido por Michael Hoffman.
Desde 2001 que Billy Bob Thornton não se coloca atrás das camaras, ele que foi considerado como a sua estreia um dos mais promissores cineastas independentes de Hollywood. Em 2011 o polémico e controvertido actor regressa ao papel onde se sente mais cómodo com uma comédia dramática que explora os problemas sociais em que viviam os texanos no coração dos anos 60.
Jayne Mansfield Car coloca frente a frente uma familia norte-americana e outra britânica a viveram numa pequena cidade texana enquanto o país vive uma das suas etapas mais conturbadas. JFK acaba de ser assassinado, as marchas pelos direitos civis lideradas por Martin Luther King tomam de assalto Washington e a guerra do Vietname começa a tornar-se numa preocupação real para a sociedade americana. No entanto o evento que acaba por unir à mesma mesa as duas familias não é outro que o acidente de automóvel da actriz Jayne Mansfield, um dos icones sexuais da década.
Thornton conta começar as filmagens no próximo mês de Agosto e já tem o elenco defenido. Os nomes são de respeito, desde Rober Duvall a Kevin Bacon passando por John Hurt, Robert Patrick, Ray Stevenson e John Patrick Amedori.
Diz-se que quando um adolescente está apaixonado é impossível que não se note. As paixões cinematográficas são assim, transparentes como o celulóide e não é preciso olhar para Woody Allen para saber que nele algures se encontra uma profunda tatuagem que diz "Paris Je T´Aime". O seu mais recente filme, Midnight in Paris, é uma ode de um eterno apaixonado. Apaixonado pela Cidade-Luz, apaixonado pelas memórias do passado, apaixonado pela beleza das mulheres...apaixonado pela vida. Aos 76 anos Woody Allen está tão apaixonado como um adolescente. Felizmente, isso nota-se...
Há três filmes dentro de Midnight in Paris e no final de 95 minutos é impossível que o espectador se decante por apenas um deles.
Mérito de um argumentista-realizador, o último da sua espécie, recheado de uma jovialidade mental que destila cada linha escrita, pensada e filmada. Allen prova com o seu novo filme que o conceito de juventude mental faz muito mais sentido que a idade no bilhete de identidade. Afinal, ninguém imaginaria um filme tão optimista e promissor como esta viagem a Paris, e dentro de Paris às cidades dentro da grande ville.
Woody Allen refresca a sua filmografia - depois de filmes ligeiros como Ill Meet a Tall Dark Stranger ou Whatever Works, sem a intensidade cómica e dramática que consegue aqui - num lance ousado e tremendamente bem sucedido que reforça o seu caracter de cineasta com alma europeia mas olho americano. A forma como filma Paris é claramente a de um turista apaixonado. A forma como a descreve em papel a de um parisino orgulhoso. Talvez, a estas alturas, Allen não seja nem uma coisa nem outra mas quem acompanhou a carreira do nova-iorquino sabe que é difícil encontrar alguém capaz de abandonar uma velha paixão (the Big Apple) por uma nova (Paris) com tamanha clareza. Há uma limpeza emocional em cada frame que acelera o coração de qualquer espectador. Paris merece mais do que uma missa, pensaria Allen, merece parte de mim. E Midnight in Paris é isso mesmo, um regresso aonde nunca saiu. Se o cineasta já tinha decidido acabar um dos seus melhores - e mais subvalorados filmes, Everybody Says I Love You - ao lado do Sena, é com este passeio à chuva, essa chuva que não ousou interromper o baile de Allen com a sua imperdível Goldie Hawn ao som de Cole Porter. Sim, esse mesmo Cole Porter, outra das muitas paixões que vão desfilando por Midnight in Paris. Apaixonado até às entranhas da vida - enquanto outro veterano, Clint Eastwood olha contemplativo para a morte, Allen procura agarrar-se à vida - o cineasta decide fazer do seu último projecto uma compilação de amores. Impossíveis, como só ele, possíveis, só para nós.
Como a idade não perdoa nisto da coerência narrativa, Woody Allen já não pode ser Woody Allen.
No entanto o cineasta tem tentado encontrar actores jovens que possam fazer de si mesmo com a mesma autenticidade que só o pequeno judio nova-iorquino é capaz de transmitir. Claro que isso é impossível, Allen é Allen, mas dentro do possível, Owen Wilson revela-se uma escolha mais acertada do que seria supor. Nele vemos o maneirismo, as expressões e os traços do maestro da comédia americana contemporânea. E aceitamos embarcar com ele nessa viagem apaixonada entre presente, passado e pretéritos..
Wilson é Gil Pender, escritor angustiado, guionista de sucesso, preparado para entrar na socialite americana com um casamento onde há de tudo menos amor e atracção sexual (apesar da noiva ser a sempre deslumbrante Rachel McAdams, perfeita no seu papel de irritante noiva da América). A sua devoção por Paris (à chuva) só é superior pela sua admiração pelos anos 20, a sua particular era de ouro. Uma noite, por essas ruas perdidas da capital gaulesa, Gil é transportado no tempo para um mundo onde encontra, frente a frente, os seus (dele, de Allen) grandes ídolos artísticos da era do jazz, charleston, vestido curtos e rostos perdidos no tempo. Hemingway, Fitzgerald, Steiner, Dali, Buñuel, Ray, Matisse, Elliot, todos santos de devoção particular, vão desfilando para deleite de Gil (de Allen...e nossa) e tornam-se elementos definidores da sua própria existência. No entanto como sempre, Allen não é só um apaixonado por Paris (e os primeiros quatro minutos, como um documentário de Jean Vigo, são uma das mais belas declarações de amor a uma cidade que o cinema já viu) ou um apaixonado do passado (e de Cole Porter, inestimável companheiro de viagem). É, sobretudo, um apaixonado por mulheres. Mulheres que, na sua filmografia, mesclam sempre a beleza carnal física com a alma atormentada de artista. E não existe nenhuma actriz no espectro actual capaz de captar esse espírito de forma tão certeira como Marion Cotillard.
A sua Adriana é, sem dúvida, a alma do filme, o outro lado do espelho de Gil (afinal ela também tem direito a ver cumprir o seu sonho), o outro lado de Paris, o outro lado de Inez (como os nomes denunciam que o argumento foi escrito numa viagem às Asturias...) a sonsa americana que prefere uma aventura com o snob intelectual britânico (delicioso, como sempre, Michael Shannon) a entrar nessa espiral de criatividade que rola pela cabeça de Gil. A deslumbrante actriz francesa, talvez o rosto e presença mais icónicos do cinema gaulês desde os dias de Bardot, rouba o coração de Picasso (tratado com um desdém a que Allen não vota o imenso Dali), Hemingway, Gil, Allen e todos nós...Ele serve de fio conductor do filme, de pretexto para viagens ao passado, de pretexto para reencontros no presente (com uma aceitável Carla Bruni num cameo que não lhe fica mal) e para ideias de futuro (e não é também o rosto de Lea Seydoux um dos rostos de futuro do cinema europeu?). Através de Adriana entendemos o porquê das meias-noites de Paris serem tão especiais e, sobretudo, entendemos o porquê de, como Gil, sentir-mos essa eterna nostalgia que só o Sena transmite.
Midnight in Paris é um dos melhores filmes da filmografia de Woody Allen. Uma tripla carta de amor com destinatários distintos e sensações encontradas que nos permitem entender que a figura criativa do cineasta nova-iorquino continua viva e de boa saúde. O filme permite entender as grandes paixões da vida, os grandes sonhos do passado e as eternas ilusões do futuro. Allen sempre foi um cineasta que misturou à perfeição o pessimismo crónico do derrotista com o optimismo exagerado do romântico. Poucos filmes sabem captar tão bem essa sua fórmula existencial como esta deliciosa aventura, à chuva claro, passeando de um lado ao outro do rio, olhando para o céu parisino e esperando, apaixonadamente, que soem as badaladas da Cinderela que, no fundo, todos temos dentro de nós...
Realizador - Woody Allen
Elenco - Owen Wilson, Rachel McAdams, Marion Cotillard
Productora - Mediapro
Classificação - m/12
Hollywood prepara com afinco o regresso do Homem de Aço e a Universal Studios pretende, sobretudo, reunir um elenco de primeira linha para competir com os restantes blockbusters com estreia prevista para Dezembro de 2012. Russell Crowe entra nessa linha.
O actor australiano será Jor El no próximo filme de Superman, Man of Steel.
Crowe sucede assim a Marlon Brando, que desempenhou o papel na saga original da década de 70 e cujas imagens de arquivo foram recuperadas no filme protagonizado por Brandon Routh em 2006. O actor junta-se assim ao elenco liderado pelo jovem Henry Cavill, que se estreia no papel de Superman, e que conta ainda com Amy Adams como Louis Lane, Michael Shannon como o General Zod e Diane Lane e Kevin Costner como Martha e Jonathan Kent, os pais adoptivos do Super-Homem.
O filme dirigido por Zack Snyder parte de um argumento co-escrito por Christopher Nolan e David S. Goyer e as filmagens irão arrancar em Agosto.
Tom Hooper não quer descansar debaixo dos louros pretéritos. Depois de vencer o Óscar de Melhor Realizador (entre outros) com The King´s Speech o cineasta britânico prepara-se agora para adaptar uma das obras máximas da literatura europeia, Les Miserables.
A obra do francês Victor Hugo segue a vida de Jean Valjean, condenado devolvido à liberdade que tenta integrar-se na sociedade parisina do final do Século XIX enquanto tenta escapar ao inspector Javert, que entende que criminosos como Valjean nunca deveriam ser soltos das cadeias. O livro é, sobretudo, um retrato certeiro e deprimente da pobreza proletária da Paris do século XIX e da crise de valores sociais em que vivia a França do III Império.
O cineasta, que já prepara a adaptação do romance ao grande ecrã com Bill Nicholson, pretende contar com Hugh Jackman e Paul Bettany nos principais papeis do projecto. Enquanto o actor inglês parece ter já confirmado o seu interesse, o australiano esperará até definir a sua agenda no próximo ano para embarcar nesta viagem histórica. Hooper quer começar as filmagens ainda este ano para ter o filme preparado para a temporada de prémios de 2012.
Depois do sucesso junto da critica do seu último filme, Into the Wild, o actor Sean Penn está desejoso de voltar a sentar-se atrás das camaras para dirigir o que seria o seu terceiro filme. E quer trabalhar com um velho amigo, Robert de Niro.
Penn e De Niro conhecem-se desde We´re No Angels, comédia de finais da década de 80 que serviu para lançar a carreira do então jovem desconhecido actor. Desde então têm mantido uma longa amizade mas nunca mais tiveram a possibilidade de trabalhar juntos. O guião de Art Linson e Jeffrey Rose pode oferecer essa oportunidade.
O filme em questão, The Comedian, é uma reprise de The King of Comedy, filme protagonizado pelo próprio De Niro e dirigido por Martin Scorsese em 1982, em que um comediante veterano de stand up comedy prepara-se para uma última tour com os seus números de humor negro, corrosivo e politicamente incorrecto. O projecto esteve nas mão de Martin Scorsese mas a sua preenchida agenda fez com que De Niro apresentasse a ideia a Penn.
Ambos pretendem rodar no próximo ano em Nova Iorque para estrear o filme a tempo do circuito de festivais onde ambos são das poucas figuras do cinema norte-americano tratadas com certa reverência pela imprensa e critica europeia.
Estamos ainda a meio ano de que a corrida aos Óscares 2011 arranque oficialmente mas para aumentar o suspense, a Academia de Hollywood decidiu mudar as regras do jogo no que diz respeito ao prémio mais cobiçado de todos, o Óscar de Melhor Filme.
Num comunicado surpreendente a AMPAS anunciou que o número de filmes que irão concorrer ao prémio variará de ano para ano abandonando assim uma novidade de há dois anos, quando foi ampliado de cinco a dez o número de candidatos à estatueta. Num tom critico com a sua própria decisão, o comunicado confessa que a opção dos dez filmes, tomada em 2009, não foi a melhor porque muitos deles acabaram por não ter votos suficientes para representar os gostos dos mais de 5 mil membros da Academia. Acabaram por ser, reza o comunicado, filmes para encher um lote mediático, algo que não é o que os Óscares querem ser.
Para emendar o erro pretérito a AMPAS anuncia um novo sistema que determina que as vagas serão atribuidas apenas aos filmes que conseguiam reunir um minimo de 5% de votos como primeira escola no boletim de voto dos membros. Sempre com um minimo de 5 e um máximo de 10, esta novidade implicaria, num flashback à última década, que teriam existido anos com cinco, seis, sete ou oito filmes candidatos ao Óscar. Essa aposta alimenta também o suspense da corrida já que até agora os estúdios contavam com as habituais vagas garantidas previamente para promocionar os seus filmes junto do público. O número de votos para entrar no top 10 era reduzido e muitas vezes uma boa acção de marketing era suficiente para criar um nomeado. A partir de agora o número de filmes candidato será apenas conhecido na madrugada em que os nomeados são anunciados pela AMPAS.
Na reunião que aprovou esta alteração, que já levantou polémica no meio, também se confirmou que os pré-nomeados ao Óscar de Melhor Efeitos Especiais se amplia de sete a dez (serão cinco, e não três, os nomeados) e que as categorias de Melhor Filme Animado e Documentário deixam de depender de que exista um número minimo de filmes exibidos ao ano para passarem a ser categorias fixas.
Os Óscares de 2011 serão entregues no Kodad Theather a meados de Fevereiro do próximo ano. Os nomeados serão conhecidos três semanas antes.
Depois do sucesso de The Hurt Locker e The Town há poucos actores tão requisitados em Hollywood como Jeremy Renner.
O actor que já confirmou que será o sucessor de Matt Damon na saga Bourne, será também um dos rostos de Mission Imposible 4 e prepara um biopic sobre Steve McQueen. No entanto sobra-lhe tempo para abraçar mais um projecto com data de estreia para o próximo biénio.
Trata-se de Slingshot, filme sobre a carreira de Bill Caswell, um desemprego que reuniu 500 dólares e comprou, através de um leilão online, um velho BMW para o transformar, peça a peça, num carro de rally. Depois de muito trabalho o desempregado convertido em piloto conseguiu inscrever-se no campeonato do Mundo sem equipa, ajudantes e mecânicos. E chegou ao pódio na sua primeira participação, o rally do México de 2010.
Renner será o productor do filme para além do protagonista e tanto a direcção com as restantes vagas do elenco estão em aberto à espera que se abram brechas nas complicadas agendas dos habituais parceiros do actor.
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