As categorias técnicas podem ser um problema para uma Academia que quer agradar a todos os públicos e que para isso está disposto a fazer da sua gala um espectáculo. E entregar seis prémios sem nomeados repletos de glamour ou numa linguagem (visual entenda-se) pouco evidente para o grande público é um dilema.
Mas são estas as estatuetas que formam parte do coração da noite. Não têm o glamour dos prémios de actores, nem o lado intelectual dos prémios de argumento ou direcção, mas são parte importante do núcleo dos membros que pertencem à Academia e servem, habitualmente, para reconhecer alguns dos grandes artifices da Meca do Cinema.
MELHOR MONTAGEM
Quantas vezes o Óscar de Melhor Filme perdeu o Óscar a Melhor Montagem?
Muito poucas. Quase nenhumas. Raramente. E no entanto todos dão The Social Network como máximo favorito nesta categoria (e a vitória nos EDDIE reforçou ainda mais o seu estatuto). E esses são os mesmos que acreditam que The King´s Speech não pode perder no prémio principal. Uma contradição que diz, e muito, da corrida deste ano. A emoção está do lado do filme britânico que tem um belo trabalho de montagem - é preciso dizê-lo - mas os experts podem preferir premiar a labor mais académica do filme de Fincher que, como todos os seus filmes, está igualmente editado na perfeição.
No meio desta corrida de galos pode decidir-se o vencedor final. Vencendo o prémio a Argumento, Montagem e Direcção (outro cenário provável), como pode The Social Network perder? É que os fãs do filme de Fincher sabem que aqui jogam a sua melhor carta enquanto que os apoiantes da obra de Hooper têm claro que uma vitória aqui, e a noite está decidida.
Entre ambos será entregue a estatueta a não ser que os 5 mil membros da Academia, à sua maneira, decidem partir o mal pelas aldeias e procurar uma terceira via. E aí o trabalho de Black Swan supera-se e à concorrência (127 Hours e The Fighter) e assume-se como o filme mais bem editado de todos os cinco nomeados. Uma vitória seria um sério reconhecimento à obra de Aronofsky que corre o risco de sair da gala apenas com uma estatueta, a previsivel vitória de Portman.
E o Óscar vai para - The Social Network
E a Surpresa é - The King´s Speech
E o Óscar Devia ir para - Black Swan
MELHOR FOTOGRAFIA
Roger Deakins e Wally Pfister são, provavelmente, dois dos mais competentes e engenhosos cinematografos da história de Hollywood.
Este ano estão, uma vez mais, num duelo mano a mano que representa, também, duas estéticas perfeitamente definidas. A cor e ritmo vibrante de Deakins em True Grit para os tons mais escuros e reflexivos de Pfister e Inception. Dois filmes maravilhosamente fotografados, cada qual à sua maneira, e pugnam por um Óscar que deveria, em última instância, partir-se em dois.
Mas esse duelo entre favoritos pode também ser vitima colateral da estatueta principal e dos prémios que The King´s Speech (Danny Cohen) ou The Social Network (Jeff Cronenweth) possam conseguir. É uma categoria complexa, equilibrada e apaixonante onde há ainda espaço para o negro colorido de Black Swan (Matthew Libatique, outro trabalho sublime) e para a dúvida.
Num dos melhores anos dos últimos tempos, qualquer ganhador será justo, qualquer perdedor será atraiçoado pela realidade, qualquer surpresa é real.
E o Óscar vai para - True Grit
E a Surpresa é - The King´s Speech
E o Óscar Devia ir para - Inception
MELHOR DIRECÇÃO ARTISTICA
Concepção de espaços, análise de angulos, transpiração de geometrias.
A criação dos cenários é uma tarefa das mais complicadas que se podem encontrar na produção cinematográfica. Se os filmes, além do mais, passam ao lado dos convencionais apartamentos ou paisagens a céu aberto, a situação complica-se ainda mais. Há o mundo dos sonhos, incontroláve e em constante mutação, de Inception. Há os palácios reais, os escritórios improvisados de The King´s Speech, num revisitar sério aos anos 30 ingleses. E há, claro, a loucura do mundo de Lewis Carroll, dezassete anos depois da primeira viagem de Alice.
Três filmes com iguais probabilidades de levar-se para casa a estatueta (as paisagens a céu aberto de True Grit e o mundo de Hogwart e dos feiticeiros em Harry Potter and the Deathly Hallows parecem relegados a um segundo plano) e que entrarão, forçosamente, na mesma dinâmica de prémios que acompanha toda a gala, por muito que a maioria continue a pensar que o vencedor é-o apenas por méritos próprios.
O caso repete-se. Vitória em larga escala de The King´s Speech, e Óscar para a equipa de Hooper. Para chegar a números elevados o filme precisa de acumular estatuetas e é neste tipo de categorias que se pode engordar a conta dourada. Se a técnica pela técnica fosse suficiente, o prémio seria para Inception que procura ser o rei, mas das categorias técnicas entregues pela Academia. E se o apoio a Alice in Wonderland for real e empático, há sempre a possibilidade do filme de Burton surpreender. Tudo pode suceder, tudo está nas mãos do "Rei".
E o Óscar vai para - The King´s Speech
E a Surpresa é - Inception
E o Óscar Devia ir para - Inception
MELHOR GUARDA-ROUPA
Belissimo trabalhos de recriação de época contra o ousado e original mundo do faz de conta.
Um duelo expectante entre o favorito Alice in Wonderland (e os seus trajes esperpêndicos e luminosos) contra a abordagem mais rigida e convencional da monarquia britânica (The King´s Speech) ou da alta burguesia italiana (Io Sono il Amore), dois perfeitos exemplos do classicismo no design do guarda-roupa.
Se a noite for de consagração para o filme britânico é de esperar que este seja um dos Óscares a cair no bolso da produção de Harvey Weinstein. Porque é um belissimo trabalho e porque é uma forma de reconhecer o notável trabalho técnico de um filme apreciado em vários quadrantes.
Mas se a Academia se focar apenas no guarda-roupa será de prever que o filme de Burton consiga aqui uma estatueta honorifica. Apoio tem, e a prova está nas multiplas nomeações técnicas conseguidas. Já The Tempest, True Grit e Io Sono il Amore têm poucas probabilidades numa categoria onde as surpresas não costumam ser muito frequentes.
E o Óscar vai para - The King´s Speech
E a Surpresa é - Alice in Wonderland
E o Óscar Devia ir para - The King´s Speech
MELHOR MAQUILHAGEM
Categoria sem favoritos claros, o Óscar à Melhor Maquilhagem pode escolher entre o excêntrico (e tecnicamente irrepreensivel) The Wolfman ou os trabalhos mais humanos (e talvez por isso, mais complexos) que rodeiam as transformações de Barney´s Version e The Way Back, dois filmes com boa critica mas praticamente com nenhum respaldo do público ao contrário da aventura de lobisomens.
É uma categoria enigmática até à medula e a nossa aposta prende-se mais com o historial recente da Academia que sempre gostou de premiar o mais ousado e não o mais subtil.
E o Óscar vai para - The Wolfman
E a Surpresa é - Barney´s Version
E o Óscar Devia ir para - The Way Back
MELHOR EFEITOS VISUAIS
Cinco candidatos, mas só um favorito.
O trabalho visual de edição de Inception é, claramente, um dos pontos mais altos do ano cinematográfico. Filme revolucionário e entusiasmante, Inception não tem, à partida, rival à altura para lhe disputar uma estatueta merecida e altamente cobiçada.
Na luta estão ainda o penúltimo filme da saga de Harry Potter - que nunca teve uma boa relação com as estatuetas douradas - e o ambicioso Alice in Wonderland, mais um sucesso comercial para o improvável Tim Burton que caiu no goto dos técnicos membros da Academia com várias nomeações chave.
Ainda nomeados - mas sem grandes oportunidades - Hereafter e o seu imenso tsunami e Iron Man 2, que não lograr sacar o mesmo proveito do que o filme original, uma das sensações de 2009.
E o Óscar vai para - Inception
E a Surpresa é - Harry Potter and the Deathly Hallows
E o Óscar Devia ir para - Inception
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