Terça-feira, 9 de Março de 2010

Bullock, os extremos hollywodianos

Em 24 horas Sandra Bullock soube o que era sentir-se a pior e a melhor entre os pares. Um fenómeno pouco habitual mas que não é nada estranho para quem sabe que Los Angeles é uma vibora adormecida para tudo e todos. Ao vencer o Razzie foi irónica. Ao ganhar o Óscar foi elegante. Sempre entendendo que a glória efémera de um Óscar faz mais sentido quando o prémio é por gratidão.

Os que se queixam do triunfo de Sandra Bullock na passada noite dos Óscares têm memória curta. Habitualmente é assim com todos os criticos, aqueles que ainda acreditam que os prémios da Academia ainda são para os melhores. Não são. Nunca o foram. Há vários vectores que se buscam para encontrar o vencedor idóneo. Muitas vezes um grande desempenho, um grande trabalho técnico são suficientes. A maioria das vezes não. É preciso algo mais. Uns chamam-lhe marketing, tráfico de influências. Outros, uma questão de amizade e gratidão. É fácil perceber a diferença. Quando alguém é genuinamente apreciado, a plateia aplaude de pé. Quando não, limita-se a aplaudir. Ou nem isso. Bullock recebeu uma das grandes ovações da década. A mesma que Reese Whiterspoon, Charlize Theron, Nicole Kidman, Julia Roberts, Gwyneth Paltrow ou Helen Hunt. Nenhuma delas deu a melhor performance do seu ano. Nenhuma delas é uma grande actriz. Algumas até sabem que são limitadas no seu género especifico. Mas sabem ser graciosas ao erguer a estatueta dourada. E perceber o porquê de estarem ali. E que não tem nada a ver com a qualidade do seu trabalho.

 

Ao contrário da secção masculina, onde a concorrência é sempre gigantesca (também há muitos mais papeis para homens do que para mulheres), é fácil ver o historial feminino e descobrir multiplas ganhadoras e nomes que muitos nunca suspeitavam aparecer em listas onde é suposto serem os "melhores". Hilary Swank, Glenda Jackson ou Jodie Foster têm dois. Marlene Matlin, Kathy Bates, Jessica Tandy, Barbra Streisend ou Halle Berry têm um. E no meio disto "gigantes" da interpretação como Meryl Streep contam com um, ou valores já consagrados do nível de Julianne Moore e Cate Blanchet andam de mãos vazias. E eis que surge Sandra Bullock como uma "Academy Award Winner".

Bullock é uma autêntica crowd pleaser. Desde sempre. Desde os dias de Speed. Especializou-se em comédias e aí se manteve, cómoda, durante duas décadas. É uma das actrizes mais rentáveis e das mais populares junto dos colegas de profissão. Não desperta queixas ou anti-corpos. E isso é fulcral quando surge um papel como The Blind Side. O filme toca na América profunda (questões raciais, defesa do cristianismo conservador, futebol americano, white trash families, ...) e será sempre incompreendido fora dela. Circunstâncias impossiveis de entender mas que explicam que os Óscares são, acima de tudo, um prémio da indústria norte-americana para os norte-americanos. Não é Cannes a tentar agradar ao Mundo. É Hollywood a olhar-se para o espelho sorrindo.

 

No mesmo dia os Razzie tiveram a crueza de dar a Bullock o prémio à pior actriz de 2009 por All About Steve. Uma decisão oportunistas porque sabiam que o mediatismo da escolha seria altissimo, visto que a actriz era a favorita para a noite dos Óscares. Ao contrário de muitos, Bullock foi receber o prémio. E foi correcta porque sabe que a indústria é assim, de altos e baixos. Mas também foi cinica. Como merecem prémios tristes como aqueles que procuram os piores. Porque definir o melhor é algo impossível, mas a busca da excelência é sempre meritória. Melhor. Um conceito abstracto e pessoal como poucos. Foi Bullock a melhor? Para os seus admiradores, claro. Para os que não gostam dela, nunca. Para os fãs de Sidibe, Streep, Mirren e Mulligan, não. Mas ganhou. Porque nunca ganha a melhor. É impossível que ganhe a melhor. Pode ganhar a "nossa" melhor. E ficamos felizes. Pode ganhar a "melhor" para a maioria. Mas isso não faz dela a melhor. É assim a vida. É assim o cinema. É assim Hollywood. É assim a história que se repete.

O cachet de Sandra Bullock subirá. Os seus filmes futuros poderão apresentá-las nos trailers como uma "Academy Award Winner". E ao longo da história o seu nome lá estará, onde nunca estiveram os de Garbo e Grant, O´Toole e Burton. And that´s show bizz

 


Autor Miguel Lourenço Pereira às 12:15
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Segunda-feira, 8 de Março de 2010

The Hurt Locker triunfa na noite em que os dólares não foram suficientes

Hollywood tem destas coisas. O dinheiro move o espectáculo, e o espectáculo é tudo. Mas mesmo assim a Academia sabe quando tem de fazer história. E quando há algo mais importante que as notas verdes de dólares. Esta noite era uma oportunidade de provar que a magia dos Óscares está em não cair na evidência de que uma indústria é só dinheiro. E assim foi. Fez-se história.

The Hurt Locker foi o grande vencedor. O merecido vencedor. Um vencedor surpreendente para quem acredita que o dinheiro é tudo. Afinal é o filme com pior resultado nas bilheteiras a levar para casa um Óscar de Melhor Filme. Ou seis. The Hurt Locker revelou-se um vencedor claro para quem sabe que o sector é composto por um grande grupo de actores - que nunca verão filmes digitais com bons olhos - e veteranos. Que procuram o toque de classe que distingue as grandes obras. E o filme de Kathryn Bigelow tem-no, não haja dúvidas. O filme foi o vencedor absoluto. Em toda a linha. E a primeira mulher a erguer o Óscar de Melhor Realizadora merecia cada anúncio no palco de mais uma estatueta. Foram seis. Podiam ter sido mais. A vitória foi total.

 

O filme venceu nas categorias de Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Argumento Original - onde o intrépido Mark Boal confirmou que o nome não é tudo, para azar de Quentin Tarantino - e as duas categorias de Som. Onde bateu Avatar de quem se pensava que seria capaz de somar mais categorias técnicas que qualquer outro. Não o logrou, ficou-se por três. Efeitos Especiais, Direcção Artistica e a surpresa, Fotografia. Um prémio de consolação para o filme dos biliões. O dinheiro não foi suficiente.

A grande surpresa da noite foi Precious. O filme de Lee Daniels fez história ao ver pela primeira vez um negro triunfar na categoria de Argumento. Uma vitória deliciosa de Geoffrey Fletcher, emocionado como poucos, que relegou para a sombra Up in the Air. Zero estatuetas. MoNique, frontal como sempre, rematou o triunfo do filme que horas antes tinha dominado os Independent Spirit Awards. Foi também a noite deles.

 

E de Crazy Heart. Tal como Precious saiu da gala com duas vitórias, estas já esperadas. The Weary Kind foi a música da noite, mas foi Jeff Bridges o mais ovacionado. Quarenta anos de carreira e finalmente a estatueta que há tanto merecia. Pode não ter sido o melhor filme da longa vida do "Dude", mas finalmente deixou de estar na lista dos eternos perdedores. Infelizmente, as longas décadas de espera levaram a que haja alguém que o tempo não deixou ver o seu discurso emocionado. Mas que sabe que venceu.

 

Sandra Bullock confirmou as suspeitas de que o dinheiro e a popularidade ajudam. Tinha provavelmente o pior dos cinco desempenhos, mas é a miss Hollywood e isso conta mais do que o talento nestas coisas. Venceu, soube entender o porquê, e tive um discurso digno. Mais um nome que a história esquecerá, enquanto que o futuro - Mulligan e Sidibe - e o passado mais glorioso - Mirren e Streep - assistiam tranquilas no seu lugar à emoção da ganhadora. Pouco emocionante foi o discurso de Christoph Waltz, talvez pela previsão de que seria o único prémio de Inglorious Basterds. Era de livro.

 

El Secreto de Sus Ojos foi a grande surpresa. Pelo segundo ano consecutivo a Academia fez o que sabe melhor. Ignorou os filmes mais artisticos e mediáticos. E optou pelo melhor. A produção hispano-argentina foi um justíssimo vencedor e provou que, quando obrigados a ver todos os nomeados, os membros da Academia costumam ser bastante certeiros. The Cove triunfou, como esperado, entre os documentários, enquanto Star Trek e The Young Victoria venceram em Maquilhagem e Guarda-Roupa, como prevista.

 

Por fim Up. O mais belo dos filmes em disputa confirmou o grande momento da Pixar. Saiu com duas estatuetas douradas - um novo recorde do pequeno grande estúdio - e o aplauso de todos. Haverá um dia em que um filme Pixar quebra a hegemonia do cinema live-action, não há dúvida. A cada ano que passa, parece que o seu destino fica cada vez mais perto.

No total o Cinema confirmou nas suas apostas a tendência da noite. Duas categorias chave erradas (Argumento Adaptado e Filme Estrangeiro) e ainda três técnicas falhadas (as duas de Som e Fotografia). Dezasseis acertos em vinte e uma estatuetas. Um bom registo, especialmente porque a sensação ao final da noite é de inteira justiça. Para o ano há mais!


Autor Miguel Lourenço Pereira às 08:08
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Domingo, 7 de Março de 2010

Oscarwatch 2009 - Considerações finais

A regra básica do jogo a que se chama "oscarwatching" é simples e frontal: nunca se sabe nada. Realmente, nunca se pode antecipar o que mais de 5 mil pessoas estão a pensar. Nem com todos os antecedentes históricos, todas as entregas de prémios prévios à cerimónia ou todo o background cultural, financeiro e artistico entre o leque de nomeados. Há sempre uma surpresa na manga reservada para a mágica noite dos Óscares.

 

Sob essa máxima qualquer uma destas previsões nestas 21 categorias (ficam de fora as curtas-metranges) pode falhar estrepitosamente e o candidato com menos opções teóricas sagrar-se vencedor. The Blind Side pode ser o melhor filme e Penelope Cruz pode voltar a ganhar o Óscar. Mas são cenários altamente improváveis. E se nos movemos por probabilidades então é fácil perceber que tudo corre de feição a The Hurt Locker. Tudo menos o dinheiro que não fez e que o deixa em má posição diante de qualquer um dos seus rivais directos. Esse dinheiro pode fazer a diferença nos prémios de uma instituição que vela por uma indústria onde o lucro vale mais que a arte.

 

O Cinema no entanto aposta pelo filme de Bigelow. E aposta em força.

Segundo as nossas previsões The Hurt Locker vai sair do Kodak Theater de mãos cheias. Cinco Óscares prováveis, dos quais talvez só vença quatro. Mesmo assim um excelente registo para as nove nomeações com que arranca. Filme, Realizadora, Argumento Original e Montagem parecem vitórias certas. A isso juntamos A provável - mas não certa - vitória em Fotografia. Sem esquecer que em Som e na corrida ao Óscar de Melhor Actor pode haver surpresas.

 

Por outro lado o grande derrotado da noite será, inevitavelmente, Avatar. O filme de Cameron vencerá com certeza três estatuetas douradas (Edição Sonora, Efeitos Especiais e Direcção Artistica) e é o mais forte candidato em Som. Poderia até superar o filme de guerra no total mas a realidade é que todos serão prémios técnicos.

 

Na lista dos mais premiados estarão certamente Up com duas vitórias (Filme Animado e Banda Sonora) e Crazy Heart (Actor para Bridges e Tema Original). Inglorious Basterds, Up in the Air e Precious provavelmente vencerão apenas uma categoria entre as que estão nomeados. Actor Secundário, Argumento Adaptado e Actriz Secundária respectivamente. O mesmo passará certamente com The Blind Side que coroará Sandra Bullock e Star Trek (Maquilhagem), The Young Victoria, máxima candidata em Guarda-roupa. E por fim há The Cove e Un Prophete, as nossas apostas em Documentário e Filme Estrangeiro.

 

As contas podem sair furadas. Das Weiss Band pode acabar com dois prémios (Fotografia e Filme Estrangeiro). Filmes como District 9, Il Divo ou An Education podem sonhar ainda em algumas categorias. E na realidade até que cada um dos envelopes se abra, nunca ninguém sabe nada.

 

 

Total

 

 

5

The Hurt Locker

(Filme, Realizador, Argumento Original, Montagem, Fotografia)

 

4

Avatar

(Som, Edição Sonora, Efeitos Especiais, Direcção Artistica)

  

2

 Up

(Filme Animado, Banda Sonora)

 

Crazy Heart

(Actor, Tema Original)

 

1

The Blind Side

(Actriz)

 

Precious

(Actriz Secundária)

 

Inglorious Basterds

(Actor Secundário)

 

Up in the Air

(Argumento Adaptado)

 

Star Trek

(Maquilhagem)

 

The Young Victoria

(Guarda-Roupa)

 

The Cove

(Documentário)

 

Un Prophete

(Filme Estrangeiro)

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Autor Miguel Lourenço Pereira às 12:05
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Sexta-feira, 5 de Março de 2010

Oscarwatch 2009 - A obra e o maestro

Prepara-se um ano histórico. A Academia parece finalmente ter quebrado o seu último tabu e uma mulher está a poucas horas de romper uma hegemonia de mais de 80 anos. Ironicamente num filme de guerra, meio masculino por excelência, e com um dos filmes menos bem sucedidos nas bilheteiras de toda a história das estatuetas douradas. Sem dúvida, um ano histórico.

 

FILME

 

No ano em que concorre ao Óscar o filme mais bem sucedido de sempre junto do público a vitória parece estar destinada a um dos candidatos que menos dinheiro fez no box-office em toda a história. Uma ironia que só Hollywood é capaz de entender.

 

Avatar parecia ser um projecto megalomano e ninguém o levava muito a sério. Até que surgiram os primeiros números e se percebeu que o filme de James Cameron ia a caminho de ultrapassar o seu filme anterior, Titanic. E assim foi. A vitória nos Globos de Ouro deixava a ideia de que o mundo de Pandora poderia repetir o feito do transatlântico e arrebatar a esmagadora maioria das estatuetas douradas no dia 7 de Março. Mas não. Algures por aí tudo mudou. O filme continuou a fazer muito dinheiro mas os prémios dos sindicatos, dos BAFTA e de várias associações excluiam sucessivamente Avatar dos seus premiados. Afinal não se repetia a avalanche de triunfos que se esperava.

 

No meio deste mar de dúvidas houve vários filmes que durante muito tempo foram candidatos. The Lovely Bones, Invictus ou Nine rapidamente ficaram de fora da corrida, mesmo num ano com 10 nomeações. The Road ou The Informant também. Entre os dez foram entrandos projectos mais pessoais e durante algum tempo pensou-se que Hollywood ia apostar por filmes mais honestos como Precious, o ganhador de Sundance, ou Up in the Air. Mas não. Ambos tiveram o seu momento e mantêm uma boa base de adeptos. Mas insuficientes. Até que se pensou que este seria o ano de Quentin Tarantino. O sucesso de bilheteira e critica de Inglorious Basterds fez do filme um forte candidato. Ainda o é. Mas não venceu nenhum percursor. E perdeu gás. E no meio de tudo isto surge The Hurt Locker. O pequeno grande filme de guerra de Bigelow que foi arrebatando todos os prémios importantes durante Janeiro e Fevereiro de forma a posicionar-se como o máximo candidato. Aquele com quem ninguém contava e em que ninguém apostava.

 

Este ano as regras mudaram. De cinco passou-se a dez nomeados e em lugar de sinalizar com uma cruz o seu filme, a Academia vai obrigar os seus membros a eleger o seu top 10. A votação posterior vai eliminando os filmes com menos votos até chegar ao finalista. Que deverá ter 51% dos votos. Ao contrário do que sucedia até hoje, onde um filme podia vencer com 21% dos votos. E isso equilibra muitas contas. Há quem diga que os membros irão colocar os rivais do seu favorito nos últimos lugares. Isso pode eliminar candidatos fortes bem cedo. E também levar a uma vitória surpresa de um filme que não desperte demasiada antipatia. Sob esse cenário é normal que Avatar e The Hurt Locker se auto-anulem, que Inglorious Basterds ou Up in the Air tenham uma hipotese, que Precious suba posições e que até um filme como The Blind Side possa ganhar. Mas o provável é que se mantenha a tendência. É Hurt Locker, to win or loose

 

E o Óscar vai para...The Hurt Locker

E o Óscar devia ir para...The Hurt Locker

E a surpresa é...Inglorious Basterds

 

 

 

 

 

REALIZADOR

 

Habitualmente a Academia gosta de que o autor seja premiado conjuntamente com a sua obra. A esmagadora maioria dos Óscares ao Melhor Realizador seguiram a tendência do Óscar de Melhor Filme. As excepções, quando as houve e 2005 foi o último ano em que isso sucedeu, sucedem habitualmente quando há um equilibrio tal entre dois filmes que faz com que dividir o mal entre as aldeias seja para muitos a única solução. Assim venceu Ang Lee, Polanski ou Soderberg, apenas para citar os exemplos mais recentes.

 

Este ano pensou-se, durante muito tempo, que os milhões de Avatar iriam obrigar a Academia a dar-lhe o Óscar principal. Mas como Cameron já tem um - e para os membros isso conta e muito - seria Kathryn Bigelow a vencer na categoria de Melhor Realizadora. A primeira mulher a lográ-lo. A primeira realizadora a subir a um palco com um sorriso no rosto. Hoje, meses depois dessa suposição, parece claro que ninguém será capaz de derrotar a cineasta. Independentemente de se o seu filme domina a noite, como se espera, Bigelow vai vencer o seu primeiro Óscar e quebrar com um enguiço de mais de oito décadas. E será quase impossível impedi-la.

 

Tarantino seria o único com opções por ser ele também um autor apreciado há muito em Hollywood. O seu filme foi um sucesso transversal e há quem pense que é mesmo um dos cineastas mais subvalorizados pela própria Academia. No entanto o sucesso de The Hurt Locker certamente impedi-lo-á de conseguir um prémio que, mais tarde ou mais cedo, será ceu.

 

Por fim há um trio de insuspeitos. James Cameron já venceu por Titanic e mesmo que o seu novo filme vença de novo será altamente improvável que o cineasta volte ao palco. Já Lee Daniels é um fruto do sucesso do seu pequeno projecto e será dificil voltar a vê-lo na plateia. A nomeação é um sucesso. Por fim há Jason Reitman, nome que depois de Juno finalmente vê confirmado o seu potencial. É muito provavél que no futuro receba a estatueta dourada. Mas ainda é cedo.

 

E o Óscar vai para...Kathryn Bigelow (The Hurt Locker)

E o Óscar devia ir para...Kathryn Bigelow (The Hurt Locker)

E a surpresa é...Quentin Tarantino (Inglorious Basterds)

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Autor Miguel Lourenço Pereira às 10:36
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Oscarwatch 2009 - O veterano e o estrangeiro

na Academia de Hollywood uma palavra que sempre soa bem na hora de votar. "Compensar". Durante décadas houve vários Óscares de compensação, entregues a um personagem não pelo seu trabalho nesse mesmo ano mas pelo seu longo historial, pelas nomeações prévias ou pelo seu carisma. Este ano a Academia prepara-se para voltar a repetir-se da mesma forma que continua uma tendência recente. Fazer de mau ajuda.

 

ACTOR

 

Num dos melhores anos da década em performances masculinas a Academia aplica a sua regra básica de compensação. Ou seja, Jeff Bridges, o notável Bridges de The Last Picture Show, Tucker, The Fabulous Baker Brothers, Big Lebowski, The Contender ou Fearless, vai finalmente entrar na galeria dos actores oscarizados. Por um filme menor.

 

Crazy Heart é um filme popular no meio, a personagem central - um cantor de country caído em desgraça que procura um inesperado comeback - amigável para a Academia e sem grandes riscos emocionais. Receita suficiente para o veterano actor triunfar diante de uma concorrência do mais alto nível que até se deu ao luxo de deixar de fora o sublime Viggo Mortensen em The Road e o hilariante Matt Damon em The Informant. Entre os cinco nomeados talvez seja mesmo Bridges o elo mais fraco. Mas a sua vitória está há muito anunciada e nestas coisas não costuma haver surpresas de última hora. A Academia é demasiado séria para essas coisas.

 

Entre os rivais do norte-americano estão quatro nomes máximos do ano. Por um lado Morgan Freeman, impecável na sua encarnação particular de Nelson Mandela. Um papel que, noutra conjuntura, talvez lhe valesse o Oscar. Mas o publico já não tem paciência para o trabalho artistico de Eastwood e Invictus passou ao lado da Academia de tal forma que só o carisma de Freeman e Damon se salvaram. Seria uma justa vitória, para um actor também com uma larga carreira e um Óscar como secundário. Mas não se conte com isso. Outro nome já com uma estatueta de secundário no bolso, George Clooney, pensou que este poderia ser o seu ano depois de Michael Clayton quase lhe ter aberto as portas da estatueta dourada. O seu papel magnético em Up in the Air pareceu colocá-lo como favorito cedo demais. Perdeu velocidade na corrida e hoje é provavelmente o pior colocado entre os nomeados. Mas a sua hora chegará.

 

Por fim, os únicos nomes capazes de surpreender. Por um lado Colin Firth, que conta com o esmagador apoio do sector britânico da Academia e do lado gay-friendly que já ajudou Sean Penn a vencer no ano passado. O seu desempenho é seco e letal em A Single Man e depois de vencer a Copa Volpi percebeu-se que era um candidato perigoso. Poderá não ter o magnestimo comercial suficiente para triunfar, mas é a mais séria ameaça a Bridges. Outro possível candidato, caso o impacto de The Hurt Locker fosse realmente esmagador, seria Jeremy Renner. Dos cinco nomeados oferece a mais consistente e electrizante performance, e seria um justissimo ganhador. Mas a carreira é curta e a concorrência pesada. A Academia premiará já o filme noutras áreas e Renner ficará debaixo de olho. Também ele terá a sua oportunidade.

 

E o Óscar vai para...Jeff Bridges (Crazy Heart)

E o Óscar devia ir para...Jeremy Renner (The Hurt Locker)

E a surpresa é...Colin Firth (A Single Man)

 

 

ACTOR SECUNDÁRIO

 

Os últimos três anos criaram uma tendência que parece ser dificil há Academia de contrariar. Durante anos viveu-se a categoria de Actor Secundário de duas formas. Ou era utilizada para premiar uma carreira de um nome popular no meio (o veterano Alan Arkin foi o último de uma longa lista) ou para, no sentido oposto, lançar uma jovem promessa para a ribalta. Raramente se premiava o melhor trabalho do ano.

 

No entanto de há três anos para cá nasceu uma nova tendência. Premiar actores em personagens negras, obscuras, violentas. Os "maus da fita" que nos anos clássicos de Hollywood nem podiam sonhar em ser recompensados, o que levou a, por exemplo, James Cagney ter de vencer um Óscar por um musical e não pela sua inesquecível galeria de gangsters movies. Depois de Javier Bardem e Heath Ledger a lista prepara-se para receber um novo personagem único sob a pela do austriaco Christoph Waltz.

 

Estrangeiro e desconhecido no meio, o sucesso de Waltz deve-se a 100% ao tom sádico de Hans Landa, a personagem escrita por Tarantino e que mantém de pé durante largos minutos o débil castelo de cartas que é Ingloriosu Basterds. O veterano actor austriaco pegou no papel, fez dele seu e deu um dos melhores desempenhos do ano. O Óscar já lhe pertence por direito. A concorrência também o sabe.

 

Entre os restantes nomeados os únicos que podiam almejar alguma hipótese seriam Matt Damon - pelo ano brilhante que teve e pela sua notável carreira nos últimos 10 anos - e Woody Harrelson, também ele no seu melhor em The Messenger depois de mais de 20 anos na ribalta. Mas ambos sabem que será muito complicado vencer.

 

Quanto ao veteranissimo Christopher Plummer - que conseguiu a sua primeira nomeação com a sua personificação do autor russo Leon Tolstoi em The Last Station - e Stanley Tucci, a nomeação já é uma vitória bem doce.

 

 

E o Óscar vai para...Christoph Waltz (Inglorious Basterds)

E o Óscar devia ir para...Christoph Waltz (Inglorious Basterds)

E a surpresa é...Woody Harrelson (The Messenger)

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Autor Miguel Lourenço Pereira às 09:56
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Quinta-feira, 4 de Março de 2010

Oscarwatch 2009 - As senhoras que a América quer...

Não são as performances mais magnetizantes do ano nem de longe as melhores. Mas estas são as senhoras que a América quer coroar este ano. O perfume dos milhões de Sandra Bullock e a irreverência de bairro de MoNique. Dois nomes praticamente fechados numa corrida monótona onde o dinheiro e o poder das minorias levou adiante o critério qualidade. A corrida aos Óscares de Melhor Actriz e Actriz Secundárias há muito que parece estar fechada.

 

ACTRIZ

 

Durante os primeiros meses do ano falou-se muito em Gaby Sidibe. Passou o tempo e surgiu o rosto resplandecente e fresco da jovem inglesa Carey Mulligan. Com o Mundo rendido a seus pés surgiu a diva suprema, Meryl Streep, e todos concordaram que era desta que a melhor entre as melhores iria finalmente receber o seu segundo Óscar. Até que entrou o dinheiro na corrida. Aquele dinheiro que vende filmes por si. O que abre noticiários especializados. E com ele Sandra Bullock. A futura senhora Oscar.

 

Não é uma grande actriz. Nem é provavelmente uma boa actriz. Mas é popular. Muito. Entre os membros de Hollywood, Academia inclusive. E entre o público. Superou os 200 milhões de dólares num só ano e desde Speed que se tornou num rosto amigável para o público mais jovem. Mais de quinze anos depois continua a fazer dinheiro como poucas. O Óscar por um filme menor como The Blind Side - um filme que só a América era capaz de aplaudir a ponto de o meter no top 10 - soa muito a Reese Whiterspoon ou Julia Roberts, também elas rainhas das bilheteiras que acabaram por ver a sua devoção à indústria recompensada com uma estatueta que não se coaduna nada com a carreira artistica. Mas assim é Hollywood.

 

Dentro do grupo de cinco nomeadas, e com Helen Mirren fora da corrida desde o principio, restam três nomes. Gaby Sidibe seria a surpresa emocional, uma jovem actriz sem background e que levou na pele o sucesso de Precious. Mas precisamente pela inexperiência e pelo futuro pouco promissor num meio castrador como Hollywood deixam antever que a sua vitória é impensável. Menos seria o triunfo de Carey Mulligan, especialmente porque há muitos votos ingleses que são seguramente seus por defeito. A Academia tem um longo historial em premiar actrizes britânicas e a jovem dá a melhor performance do ano. Mas podem considerar que ainda é muito cedo para alguém que só agora aterrou no meio. Por fim há Meryl Streep. Sempre há Meryl Streep. Um Óscar principal e um secundário em 16 nomeações. Muito pouco. E Julie and Julia nem é um dos seus melhores papeis Mas começa a parecer que a Academia está determinada a manter a melhor actriz dos últimos 50 anos abaixo do estatuto de nomes bastante inferiores como Hilary Swank, Glenda Jackson, Sally Field e Jodie Foster. Enfim, só Hollywood...

 

 

E o Óscar vai para...Sandra Bullock (The Blind Side)

E o Óscar devia ir para...Carey Mulligan (An Education)

E a surpresa é...Gaby Sidibe (Precious)

 

 

ACTRIZ SECUNDÁRIA

 

Foi a primeira corrida a ser declarada como fechada. Ainda iamos em Setembro, época do festival de Toronto, e já todo o meio tinha parecido render-se a uma cantora de rap que se tornou em actriz por vias das circunstâncias e que se prepara para emular a Jennifer Hudson e levar para casa a estatueta de Óscar para Melhor Actriz Secundária.

 

A corrida desde que os primeiros prémios começaram a ser entregues foi totalmente dominada pela irrascível MoNique que pareceu contagiar tudo e todos com o seu forte desempenho em Precious, onde dá corpo e voz à mãe da protagonista. Venceu todos os percursores e não há praticamente ninguém que aposte noutra vencedora. Talvez a que pudesse ter mais hipóteses a poucos dias da cerimónia seja Maggie Gyllenhal. A jovem actriz do clã Gyllenhaal despertou simpatia com o seu desempenho em Crazy Heart mas não é ainda um nome consensual pelo que a sua consagração provavelmente terá de esperar.

 

Já as duas actrizes de Up in the Air, a jovem Anne Kendrick e Vera Farmiga, irão provavelmente anular-se uma à outra como é habitual nestes casos. E quanto a Penelope Cruz, estamos conversados. Detentora actual do trofeu, a sua nomeação é apenas o espelho de que a Academia gosta dela. Nada mais. 

 

E o Óscar vai para...MoNique (Precious)

E o Óscar devia ir para...Anne Kendrick (Up in the Air)

E a surpresa é...Maggie Gyllenhal (Crazy Heart)

 

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Autor Miguel Lourenço Pereira às 15:52
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Quarta-feira, 3 de Março de 2010

Oscarwatch 2009 - O universo dos escribas

Qualquer filme começa de uma ideia. E de uma ideia que salta para o papel. Há-as mais originais que outras. Há as que adaptam uma obra que já tinha vida própria. Há guiões para todos os gostos e feitios, todos os truques originais e de adaptação. Os argumentos são a base de partida de qualquer filme. Os dois óscares para os argumentistas são por isso dos mais apreciados da noite. Porque todos sabem que é graças a eles que a aventura começa.

 

ARGUMENTO ORIGINAL

 

É extremamente raro que a corrida aos principais Óscares passe pela categoria de Argumento Original. Habitualmente a Academia valoriza filmes que adaptam obras já de si populares. Este ano não. Este ano vão pela originalidade.

 

Dos cinco filmes nomeados, quatro estão também na corrida ao Óscar de Melhor Filme. Só falta Avatar que, ao faltar a esta categoria vê a sua posição fragilizar face a rivais mais consensuais como Inglorious Basterds. Precisamente o trabalho de Tarantino parecia ser o favorito durante largas semanas. Até que The Hurt Locker, no meio da vaga de favoritismo que o rodeia, começou também aqui a acumular prémios a ponto de ser hoje o natural favorito. Pode ganhar apenas quatro Oscares, mas este será certamente um deles. 

 

E se Tarantino é o favorito a verdade é que também Up e A Serious Man têm um grande grupo de fãs que poderá desequilibrar as contas e provocar qualquer surpresa de última hora. Por fim In the Loop, o divertido politic comedy, terá certamente a sua base de apoio mas que é manifestamente insuficiente para levar para casa uma estatueta que parece pertencer já quase em exclusivo ao mundo bélico de Bigelow.

 

E o Óscar vai para...The Hurt Locker

E o Óscar devia ir para...The Hurt Locker

E a surpresa é...Inglorious Basterds

 

 

 

ARGUMENTO ADAPTADO

 

Não estão os favoritos de Setembro como Invictus e The Lovely Bones. Mas sim os sucessos indie do ano. No ano em que Hollywood aposta pela originalidade as adaptações também são, grosso modo, bastante originais.

 

Jason Reitman é o máximo candidato por Up in the Air. Numa das raras oportunidades de sair com pelo menos uma estatueta - pouco para um dos grandes favoritos do ano - o trabalho de Reitman tem sido de tal forma unânime que é dificil prever outro cenário que não seja a vitória do filme yuppie por excelência. A sua principal concorrência chegaria com o polémico Precious, já de si premiado em Sundance e que desde Toronto tem vindo a ganhar adeptos. A história de uma jovem negra obesa, analfabeta, grávida e vitima de violência doméstica conquistou um forte sector da Academia e se o filme ambicionasse a surpreender, esta seria uma das boas oportunidades para lográ-lo.

 

Por fim há "os outros". Desde Crazy Heart, que provavelmente só conseguiu a nomeação pela popularidade de Jeff Bridges, a An Education, um belo retrato social pelo analitico Nick Hornby sem deixar de passar pelo surpreendente District 9, que conseguiu uma vaga que quase ninguém achava possível ter. Ao contrário de Avatar, Neil Blomkaamp provou ser possível fazer ficção-cientifica e ser premiado por isso. Já por si, o filme é um vencedor.

 

E o Óscar vai para...Up in the Air

E o Óscar devia ir para...An Education

E a surpresa é...Precious

 

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Autor Miguel Lourenço Pereira às 17:52
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Terça-feira, 2 de Março de 2010

Oscarwatch 2009 - O espectáculo técnico

Para uns servem para fazer número. Para outros são dificeis de julgar. E há ainda aqueles que consideram que são as únicas categorias realmente interessantes da noite. São seis categorias técnicas que vão desde os Efeitos Visuais até à Montagem sem esquecer o mundo do Guarda-Roupa, Maquilhagem, Direcção Artistica e claro, Fotografia. Aqui se acumulam muitas estatuetas, é verdade. Mas também há filmes que vão para casa sem uma só vitória técnica. Coisas de Hollywood.

 

MONTAGEM

 

É o Óscar por excelência. Para muitos a alavanca da noite.

Vencer aqui é caminho quase feito para arrebatar os últimos prémios da noite (Filme e Realizador). Porque é um trabalho intimamente ligado ao exercicio de direcção e produção final mais do que qualquer outro.

Ter um filme vencedor do Óscar de Melhor Montagem que não ganhe o Óscar de Melhor Filme é uma raridade. Pode suceder, é certo. Mas este ano parece que a tradição se irá repetir e que The Hurt Locker pode aqui começar a cimentar a sua vitória final. O trabalho de edição do filme de Kathryn Bigelow é delicioso e indiscutivelmente o melhor do ano. E talvez esta seja uma das vitórias mais merecidas entre as distintas nomeações acumuladas.

 

Naturalmente que os grandes rivais de The Hurt Locker são os mesmos que lutam pela principal estatueta. Avatar e Inglorious Basterds têm o seu nicho de apoio mas parece a esta altura bastante insuficiente para impedir The Hurt Locker de fazer história. E quanto a Precious e Star Trek, a vitória é indiscutivelmente a nomeação face a filmes bastante melhores neste apartado como foram The Road ou Invictus.

 

E o Óscar vai para...The Hurt Locker

E o Óscar devia ir para...The Hurt Locker

E a surpresa é...Inglorious Basterds

 

FOTOGRAFIA

 

Há poucos prémios tão artisticos como o Óscar de Melhor Fotografia. Dentro dos números que pautam o ritmo da indústria o trabalho fotográfico distingue-se pela sua beleza épica e poética e muitas vezes caminha no sentido oposto das grandes obras. Para fazer história.

 

Este ano a luta é claramente a três e esta é a única categoria que parece incerta. Os membros da Academia têm três opções bastantes distintas, cada qual orientada para um ponto chave do universo da edição fotográfica. Nine e Harry Potter and the Half Blood Prince estão fora da corrida deixando espaço ao universo clássico do alemão Das Weiss Band, o universo quase de efeitos visuais de Avatar e a crueza visual de The Hurt Locker.

 

O melhor trabalho do ano, o inevitável The Road, não está nomeado o que tira certo prestigio ao prémio. Mas The Hurt Locker tem um trabalho assombroso de edição fotográfica, cortesia do genial Barry Ackroyd. Poderia vencer perfeitamente e não deslustrar o que significaria também que o pequeno filme podia chegar até cinco estatuetas douradas. Mas a competição é dura. O polémico Das Weiss Band é daqueles projectos onde a fotografia salta à vista pela sua estridente beleza. É provavelmente o trabalho mais meritório entre os nomeados e poderia vencer, não caísse no meio de uma luta de titãs. Porque Avatar está aí, também, em destaque. As cores de Pandora contagiam e Mauro Fiore é um profissional de primeira. Mas muitas vezes é fácil misturar os efeitos visuais da fotografia e isso pode jogar contra o filme de Cameron.

 

E o Óscar vai para...The Hurt Locker

E o Óscar devia ir para...Das Weiss Band

E a surpresa é...Avatar

 

DIRECÇÃO ARTISTICA

 

Criar o espaço de acção, o cenário da narrativa, é um trabalho árduo desde os dias do teatro. O cinema levou a dimensão muito mais longe e o Óscar a Direcção Artistica continua a ser um prémio altamente respeitado, se bem que não muitas vezes compreendido.

 

Imaginar o trabalho de direcção artistica de Sherlock Holmes é fácil. A recriação da Londres dos finais do século XIX é um exercicio repleto de eximios detalhes de qualidade. No entanto Avatar cria do nada um mundo estruturado à perfeição. E ergue-se como o mais complexo trabalho do conjunto de nomeados. É favorito e seria um justo vencedor.

 

Na corrida, por fora, estão também as fantasias de Tery Gilliam em The Imaginarium of Dr. Parnassus, o mundo da rainha Victoria em The Young Victoria e a Italia romântica de Nine.

 

E o Óscar vai para...Avatar

E o Óscar devia ir para...Avatar

E a surpresa é...Sherlock Holmes

 

 

 

GUARDA-ROUPA

 

Desenhar a roupa ideal para cada história é um dificil exercicio de precisão. Fulcral muitas vezes para o sucesso de um filme porque um erro considerado básico pode destruir a ambição de qualquer projecto.

 

Recriar guarda-roupas históricos tem sido uma das grandes façanhas de Hollywood e habitualmente o trabalho é recompensado na cerimónia dos Óscares. Apesar de no ano passado o secúlo XX ter dominado, são os filmes de época que habitualmente predominam entre os favoritos. 2010 não será excepção. The Young Victoria é, portanto, o máximo favorito. Todo o guarda-roupa da corte britânica da segunda metade do século XIX é levado até ao mais infimo detalhe. As vitórias do filme em vários prémios antecipa um triunfo previsivel.

 

Mas há concorrência. A começar por A Bright Star, também um filme do século XIX e também repleto de romance e fatos à medida. Depois há o The Imaginarium of Dr. Parnassus e o seu mundo surreal sem esquecer o musical Nine e os flamejantes guarda-roupas que vão desfilando. Isto tudo claro sem passar ao lado da grande desenhadora, Coco Chanel, no seu próprio biopic, Coco avant Chanel, onde se começa a apreciar a classe por detrás de um dos nomes chave da moda europeia.

 

E o Óscar vai para...The Young Victoria

E o Óscar devia ir para...The Imaginarium of Doctor Parnassus

E a surpresa é...Nine

 

MAQUILHAGEM

 

Uma das duas categorias com três nomeações e pré-candidatos escolhidos a dedo, o Óscar de Maquilhagem é sempre um desafio. O que realmente valora Hollywood nesta área? Rostos fantásticos e inverosimeis? Envelhecimentos ou rejuvenescimentos súbitos? A marca de uma desgraça?

 

Este ano há um pouco de tudo. O favoritismo é de Avatar, não só por ser o filme de moda, mas porque as personagens estão totalmente maquilhadas e despojadas da realidade. O trabalho é um mixto de maquilhagem e efeitos visuais, o que pode levar os votantes a procurar algo mais tradicional. E aí entra a concorrência.

 

Il Divo e Young Victoria são dramas que exploram personagens históricas de grandes dimensões. O filme sobre o polémico Giulo Andreotti sobreviveu a uma pré-lista sufocante e pode bem erguer-se como um vencedor surpresa. Mas o filme britânico sobre a jovem rainha Vitória pode captar o voto dos membros ingleses e superar a concorrência aparentemente mais forte. Continua a estar o favoritismo nas mãos da equipa de Cameron mas aqui a vantagem é bem mais reduzida de que noutras categorias.

 

E o Óscar vai para...Avatar

E o Óscar devia ir para...Il Divo

E a surpresa é...Il Divo

 

 

 

EFEITOS VISUAIS

 

Desde a década de 70 que os efeitos visuais passaram a ser santo e senha de grande parte das produções de Hollywood. Mesmos os mais sentidos dramas continuam a necessitar de um ecrã verde a esconder a bela imagem da torre Eiffel com que todos sonhamos. 

 

Da curta lista de três filmes candidatos é natural que o favoritismo esteja todo do lado de Avatar. Afinal o filme de Cameron trouxe outra dimensão ao 3D e acenta esmagadoramente no trabalho de efeitos visuais que faz com que Pandora ganhe contornos de realidade. É o máximo favorito e uma derrota aqui seria um duro golpe no filme bilionário de Cameron.

 

Isso leva, naturalmente, a que os notáveis trabalhos de District 9 e Star Trek ficam para segundo plano. Seriam justos vencedores mas a sombra azul é larga e face a rivais deste tipo é dificil imaginar outro resultado.

 

E o Óscar vai para...Avatar

E o Óscar devia ir para...Avatar

E a surpresa é...District 9

 

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Autor Miguel Lourenço Pereira às 10:16
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