Longe de parecer um sexagenário, o Festival de Berlim surge revigorado e pronto a focar a atenção do mundo do cinema na capital alemã nas próximas duas semanas. Desde o fantasma de Polanski ou misterio de Scorsese, sem esquecer cinco filmes de autores já consagrados na Berlinale, o Festival surge numa das suas edições mais consensuais.

São 60 anos do melhor cinema da história a desfilar por Berlim.

No inicio era um festival que vivia na sombra de Cannes e Veneza. Marcado talvez em excesso pela filmografia norte-americana. Por ali passou muita da Nova Hollywood quando em Los Angeles ainda ninguém os levava a sério. Alguns vão voltando. Este ano é Martin Scorsese. O nova-iorquino apresenta em estreia mundial Shutter Island. O filme esteve na linha da frente da corrida aos Óscares de 2009 mas a productora preferiu adiar a estreia para 2010. O realizador não gostou mas agora está em Berlim com uma nova perspectiva. A quarta colaboração consecutiva com Leonardo Di Caprio é o cabeça de cartaz do festival. Mas não está em competição.

Ao contrário de The Ghost Writer. Filme em que Polanski trabalhava quando foi detido na Suiça, a história protagonizada por Ewan McGregor e Pierce Brosnan transforma-se habilmente num thriller de espionagem de cortar a respiração. Greenberg de Noah Baumbach, o animado The Ilusionist de Sylvain Chomet inspirado num argumento de Jacques Tati ou The Kids Are All Right são outros dos titulos obrigatórios do certame.

São 20 filmes a concurso onde se encontram cinco antigos premiados com o Urso de Ouro. e o vencedor será eleito pelo juri presidido pelo germânico Werner Herzog e que conta também com Renne Zellweger, Yu Nan, Cornellia Froboess, Francesca Comencini e Jose Maria Morales.

O Festival que se tornou nos últimos anos num fenómeno de popularidade com mais de 250 mil espectadores - ao contrário de Cannes e Veneza que continuam vetados ao grande público - vai ter filmes em exibição em dez salas berlinenses. Apesar de ser criticado por não apresentar a mesma estrutura que os rivais da Primavera e Outono, Berlim continua a ser um festival fora do convencional. Onde a arte e o critico valem tanto como o espectáculo e o público. A festa começa agora. Deveria acabar a 20 de Fevereiro. Mas a festa pode mesmo durar até ao ano que vem.