Quarta-feira, 30 de Setembro de 2009

O caso Polanski

A comunidade cinematográfica entrou em sobressalto com o anúncio da prisão de Roman Polanski numa passagem por Zurique. O consagrado cineasta vive há mais de trinta anos em regime de busca e captura pela justiça norte-americana e desde então tem-se refugiado na Europa onde se sentia seguro. Até agora. Mas a prisão do cineasta levanta de novo a polémica sobre até que ponto é legitimo perdoar a uma figura só por ser uma referência artistica. Polanski é-o, sem dúvida. Mas os seus actos não.

Da mesma forma que o génio de Polanski parece ser unânime também é importante ressalvar que o que está em questão é um caso policial. Não se detém o cineasta por um filme, por uma obra de protesto ou por simples acto de censura. Como a muitos outros autores, silenciados por regimes ao longo de décadas, apenas e só por darem forma aos seus ideais. Polanski é um cineasta de génio há mais de quarenta anos e tem um curriculum invejável onde se inclui o Óscar a Melhor Realizador. Prémio que não recolheu, precisamente, porque sabia que ao entrar em território americano poderia ser detido a qualquer momento. O realizador foi julgado e condenado, em 1977, pelo crime de violação de uma adolescente de 13 anos, Samantha Gailey. O caso remonta-se a uma sessão fotográfica para a revista Vogue com a jovem adolescente. Para além de fotos de nus artisticos, a jovem acusou o cineasta de a ter drogado com uma mistura de champagne e qualudes, e de tê-la forçado a praticar sexo oral, coital enquanto a sodomiza. Tudo isso na casa que o seu amigo, Jack Nicholson, lhe tinha emprestado para essa sessão. Os dois estavam sós na habitação e apesar de negar inicialmente, durante o julgamento o realizador confirmou a declaração e declarou-se culpado. Um acordo judicial ilibou-o dos crimes mais graves de violação por abuso sexual e obrigou-o a estar três meses num centro psiquiatrico para posterior avaliação. Passado pouco mais de um mês detido, o realizador conseguiu escapar para a Europa. A história foi relatada no documentário Polanski: Wanted and Desired que passeou-se por Sundance.

 

A essa acusação sumaram-se outras, por provar, de forma a criar à volta do cineasta uma aura de pedofilia recorrente que nunca se provou apesar de num dos casos levado a julgamento por uma modelo norueguesa o cineasta ter confessado ter sido infiel à mulher de então, Sharon Tate, se bem que nunca com uma jovem de tão tenra idade. Mas se os rumores são isso mesmo, rumores, apesar desse passado túrbio que vai saltando à tona, a condenação que levou agora os Estados Unidos a pedir à Suiça a extradição do cineasta é real e continua vigente. Mesmo após o perdão da jovem.

 

A critica especializada, devotada da filmografia desde descendente de judeus polacos a viver em França que viveu na pele o drama do Holocausto que mais tarde recrearia em The Pianist, brada aos céus por justiça. Cineastas, actores e intelectuais assinam petições para libertar Polanski e evitar a sua prisão. Clamam contra o governo suiço por ter efectuado a prisão enquanto o realizador assistia a um festival de cinema, declarando que o festival sempre foi um acto independente e que poucos governos totalitários se atreveram a deter autores durante a sua presença. Esquecem-se, uma vez mais, que o crime de Polanski não é artistico. Julgar o Homem e os seus actos cabe apenas à justiça, não aos criticos ou colegas. Esses devem julgar a obra. Um homem comete um crime e torna-se criminoso. Independentemente da profissão. Ou do talento que tenha. Ilibar Polanski, como pedem em França ou na Polónia, é apagar um acto real e condenável. Acto que o próprio confessou. Ë na realidade uma posição ndigna de quem defende os mais elementares direitos civis e individuais.

 

Autor de filmes absolutamente memoráveis, Roman Polanski é, por direito próprio, um dos autores mais marcantes da segunda metade do século XX. Viveu o drama do Holocausto, da perseguição do regime comunista na sua Polónia natal e a trágica morte da sua jovem mulher, Sharon Tate. Dramas fortes e dificeis de superar mas que não legitimam um acto. Como a sua memorável carreira não limpa o seu nome. Escapando à justiça graças aos truques legais que o permitiram manter-se à margem, Polanksi é chamado agora a cumprir a pena que lhe foi atribuida de forma clara. Poderia entregar-se e aceitar, de uma vez, que se cumpra a justiça. Prefere resistir e lutar até ao final. Como nos seus próprios filmes. Só que desta feita ele não está por detrás da camara. Resta saber em que linhas se escreverá o argumento final...

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Autor Miguel Lourenço Pereira às 14:28
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Estreias - O lado maldito do beautiful game

O futebol e o cinema sempre viveram de costas voltadas. Até que alguém - Peter Morgan, está claro - percebeu que há mais no futebol que os simples 90 minutos em campo. O drama de um técnico que fez história pode ser um argumento tão bom como qualquer outro. Quando o técnico é Brian Clough e o drama é o único periodo de fracasso na sua longa carreira profissional, o interesse dispara. Afinal, poucas vezes podemos ver o outro lado do desporto-rei.

The Damned United é um filme sobre os piores dias da carreira de Brian Clough. O mais celebre técnico britânico a não orientar a selecção inglesa, vencedor de duas Taças dos Campeões Europeus e duas ligas inglesas viveu os piores dias como técnico no Leeds Utd, clube onde sucedeu ao seu maior rival, Don Revie. Os problemas no balneário, com a direcção e adeptos e o peculiar caracter de Clough foram a mistura perfeita para a explosão deste cocktail molotov. E deram azo a uma adaptação literária que agora se torna em filme e que explora, como poucos, o lado obscuro do desporto mais popular do mundo.

 

O argumentista Peter Morgan (o mesmo de The Queen ou Frost/Nixon), explora como ninguém esta realidade desconhecida da maioria dos adeptos. Enquanto isso Michael Sheen prova, uma vez mais, que é dos maiores talentos das ilhas britânicas a emerger na última década. E da ao irrascível Brian Clough, o primeiro treinador mediático da história, um toque humano subtil. À parte do brilhante elenco de secundários e da competente direcção de Tom Hooper (rosto conhecido da televisão britânica) o filme surpreende pela leveza e naturalidade com que se move no meio futebolistico. Até hoje avesso a adaptações bem sucedidas, Morgan dá com o tom certo e oferece um excelente espectáculo que vai muito para lá dos simples adeptos de relvado. 

 

Esta semana estreiam igualmente:

 

Philip Lioret assina com Welcome um dos seus retratos mais intensos. Um jovem iraquiano sai do país para seguir a namorada, emigrada em Londres. Atravessa só a Europa, onde conhece vários personagens únicos, mas quando chega ao norte de França é detido pela policia. Só há uma forma de atravessar o Canal: a nado. O jovem Bilal não sabe nadar, mas na pequena comunidade que o acolhe há sempre alguém disposto a ajudá-lo. Um tocante retrato de amor e coragem numa Europa a viver uma era de encruzilhadas protagonizado por Vincent Lindon e Firat Ayerdi.

Depois da bem sucedida parceria com Alejandro Inarritu, o seu argumentista de sempre, Guillermo Arriaga, decide aventurar-se na direcção a solo. The Burning Plane segue a mesma estética já desenvolvida em Amores Perros, 21 Grams e Babel de histórias cruzadas sobre sexo, amor e o desespero da solidão. No elenco destacam-se Charlize Theron, Kim Basinger, Jennifer Lawrence e ainda Joaquim de Almeida.

Recuperando o espirito da celebre série televisiva, Fame centra-se num grupo de jovens artistas (cantores, dançarinos, actores) e na sua experiência de formação na celebre escola de performance de Nova Iorque. Um filme sobre a amizade e o desejo de superar as dificuldades que atrairá os amantes da série original e pouco mais. A autoria é de Kevin Tancharoen e no elenco estão Kesley Grammer, Naturyi Naughton e Kay Panabaker.

Para os mais pequenos G-Force chega para explorar a crescente sede de Hollywood pelos super-herois. Nesta pequena aventura repleta de vozes celebres (há Nicholas Cage, Steve Buscemi, Sam Rockwell ou Penelope Cruz) e dirigida por Hoyet Yeman, um grupo de agentes especiais compostos por pequeno animais descobre uma perigosa conspiração criada para por em risco a segurança nacional norte-americana.

Lesbian Vampire Killers explora o universo do gore trash com claras reminiscências ao cinema de terror de tons eróticos que a partir dos anos 50 e 60 começam a desenvolver-se na chamada série Z e que hoje ganham, em alguns circulos, contornos de clássicos. Nesta versão de Phil Claydon com Sylvia Colloca e Margarita Hall entramos numa pequena localidade amaldiçoada por uma vampira. A maldição consiste em transformar todas as jovens, ao cumprir os 18 anos, em vampiras lésbicas. Quando dois adolescentes sedentes de sexo e diversão chegam à aldeia, as amaldiçoadas decidem usá-los como isca para poder trazer a sua velha rainha de novo à vida. 

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Autor Miguel Lourenço Pereira às 12:23
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Sexta-feira, 25 de Setembro de 2009

That´s the movies...

 

Se Truffaut deu o pontapé de saída para a Nouvelle Vague com Les 400 Coups a verdade é que o primeiro filme a romper definitivamente com a estética dominante foi A Bout de Soufle. Seria sempre assim com Jean Luc Godard a romper mais além da nova estética defendida pelo inseparável (até 68) Truffaut...

 

A Bout de Soufle não é só um filme sobre a liberdade humana. É um filme sobre a vida, sobre as ruas repletas de gente (contra os estúdios claustrofóbicos), sobre Paris como centro de admiração eterna por parte de uma geração que cresceu e aprendeu a amar o cinema nas suas salas miticas e sobre o cinema que ninguém queria verdadeiramente elogiar.

 

Com um Jean Paul Belmondo a iniciar uma carreira retumbante e Jean Seberg a repetir a fórmula já apresentada em Bonjour Tristesse de Otto Preminger, o ritmo avassalador de A Bout de Soufle enquadra-se à perfeição na era onde o cinema se tornava revolucionário e torna-se na pauta de um dos filmes mais marcantes da história...

 

 

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Autor Miguel Lourenço Pereira às 10:00
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Quinta-feira, 24 de Setembro de 2009

Fincher já tem elenco para Social Network

Depois de andar de trás para a frente no tempo de forma bem original em The Curious Case of Benjamin Button, o cineasta David Fincher prepara-se para entrar na modernidade de cabeça com um filme sobre a mais popular rede social do momento: o Facebook.

 

The Social Network centra-se num grupo de jovens estudantes universitários que acabaram por se tornar na base de vários sites de referência para a comunidade juvenil, com especial destaque em Mark Zuckberger, o fundador do Facebook. Um filme que será menos sobre a rede social em si e mais sobre o estilo de vida dos jovens estudantes que procuraram na internet uma forma de se integrar numa sociedade cada vez mais distante.

 

Jesse Eisenberg - que surpreendeu com o seu derá o protagonista da história e contará com Justin Timberlake (que dá corpo ao fundador do Napster, Sean Parker) e Andrew Garfield (será Eduardo Saverin, co-fundador do projecto inicial mas que o viria a abandonar antes do verdadeiro boom), num trio altamente improvável num filme de um realizador que se gosta de assumir como autor irreverente.

 

A rodagem do projecto arranca este Outuno em Boston e terá data de estreia prevista para o final de 2010.

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Autor Miguel Lourenço Pereira às 09:23
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Quarta-feira, 23 de Setembro de 2009

Estreias - Estes E.T.´s não são bem vindos

Foi um dos grandes fenómenos de bilheteira do Verão e surpreendeu tudo e todos pela crueza da mensagem. O estreante sul-africano Neil Blomkamp apresenta uma visão alternativa do Apartheid onde os segregados não são negros...são E.T´s.

 

Com espantosos efeitos especiais e rodado com um orçamento muito inferior à maioria dos blockbusters de Hollywood, Blomkamp conta com a preciosa ajuda de Peter Jackson e a sua produtora de efeitos especiais como produtores executivos do projecto. Uma ajuda de luxo que dá forma e feitio a este arrojado projecto que visualmente cumpre em toda a linha e que explora uma temática constantemente varrida para debaixo do tapete: o Apartheid.

 

O mencionado District 9 é uma zona protegida, onde os Humanos estão vetados. Em 1989 uma nave espacial aí aterrou uma nave espacial e os seus tripulantes, os primeiros extra-terrestres a aterrar no planeta, são expatriados espaciais que pedem ajuda aos Humanos para os ajudarem a voltar a casa. No entanto os governos mundiais têm uma ideia diferente e isolam a zona entregando a sua supervisão a uma empresa de segurança que é também uma poderosa fabricante de armas. O principal interesse desta é aproveitar a presença extra-terrestre para tentar conseguir o máximo de informação sobre a sua tecnologia. Vinte anos depois a situação chega a um extremo e uma divisão especial recebe ordem de entrar na zona proíbida. Sem imaginar o que os espera.

 

Um filme retumbante e repleto de emocionantes sequências de acção que nunca descurra a parte critica do argumento desenhado a regua e esquadro por Blomkamp e Terri Tatchell
e interpretado de forma convincente pelos desconhecidos Sharlto Copley e Jason Cope.  Um projecto que promete ser um dos icones do ano.

 

Esta semana estreiam igualmente:

 

É o regresso em força de Michelle Pfeiffer depois de vários anos a sofrer o habitual ostracismo que o cinema vota às actrizes de meia-idade. Apostando no charme que a celebrizou nos anos 80, Pfeiffer encarna o papel de uma sedutora cortesã da Paris do ínicio do século passado, que decide seduzir o filho da sua maior rival. A relação entre ambos ganha contornos inesperados quando a mãe de esta descobre o caso e decide casar o filho com uma jovem rapariga da alta sociedade. Cheri é também o regresso de Stephen Frears num dos trabalhos mais aplaudidos do último festival em Berlim e que conta ainda no elenco com Ruppert Friend e Kathy Bates.

 

A nata do cinema chinês junta-se para um desses épicos que já tornou o cinema oriental celebre no ocidente. Depois de Crounching Tigger, Hidden Dragon e Hero, chega Chi Bi (traduzido por aqui como A Batalha de Red Cliff), outro épico intenso sobre a China medieval. John Woo dirige um elenco onde conta com Tony Leung, Takeshi Kaneshiro e Fengyi Zhang neste espantoso espectáculo visual que nos envolve no período aureo do Império Han.

 

Depois de ter assaltado os tops literários de meio mundo a trilogia do malogrado Stieg Larsson chega agora ao grande ecrã. Mas em lugar de uma adaptação made in Hollywood temos aqui um producto caseiro, ou seja, produção sueca. Man Son Hatar Kvinnor - titulo original do popular Os Homens que Não Amavam as Mulheres - explora a relação entre uma jovem hacker e um jornalista de meia idade que se envolvem na busca de um misterioso assassino em série. Noomi Rapace assume-se como uma das revelações do ano ao lado dos veteranos Michael Nyqist e Sven-Bertil Tube. O filme é dirigido por Niels Arden Opley.

 

The Longshots aproveita o habitual registo de comédia Hollywood virada para a comunidade adolescente. Protagonizado por Ice Cube e Keke Palmer, o filme dirigido por Fred Durst (é a segunda incursão do vocalista dos Limp Bizkit na direcção) centra-se nas desventuras da veridica história de Jasmine, uma jovem de onze anos que se tornou na primeira mulher a actuar na liga de futebol americano.

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Autor Miguel Lourenço Pereira às 12:19
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Essa inesquecível paixão chamada Paris...

A inesquecível Paris. A sempre deslumbrante e inesquecível Paris.

A cidade das luzes, do amor, das pontes, da boémia, de filósofos e artistas, de autores e guerreiros, de heróis e vilões. A cidade das pessoas. Da Humanidade. Simplesmente Paris. A cidade mais cinematográfica de todas as cidades, de todos os países, de todas as galáxias. Com o rio serpenteante, as pontes imponentes e as ruas, sóbrias, cheias de vida, Paris é o mosaico do Ser Humano. Sempre houve e sempre haverá Paris. O cinema sabe-o também, como evitá-lo? Como evitar a pura magia de uma cidade que já teve mil e um rostos, retratos, fotografias, fotogramas e que continua nova e surpreendente a cada esquina.

 

Da Nouvelle Vague falou-se muito sobre técnica e talento, mas não o suficiente sobre Paris. Centro congregador do grupo na mitica Cinematheque Française de Henri Langlois, a Nouvelle Vague era da rive droit e filmou como ninguém os Champs Elyses (ah, A Bout de Soufle..quem não desceu aquela avenida a gritar New York Herald Tribune?), os jardins, a Paris do passado e do presente daquele Maio quente e fino que Bertolucci nos teimou em esconder no seu problemático The Dreamers. Nunca a cidade foi tão retratada com devoção como naquela década, onde, por momentos, voltou a ser a capital do Mundo. Essa Paris do lado direito, essa Paris sóbria e virada para o futuro, onde as rasgadas avenidas tornam magnificos os caminhos que naqueles épicos históricos são ainda de lama e pedragulhos soltos. Essa Paris que já tinhamos visto no passado em La Reine Margot com esse Louvre a estrear sob o sangue dos huguenotes. Ou essa Paris desprezada pelo Rei Sol, fétida e imunda, a mesma que lançou a liberdade, igualdade e fraternidade para as ruas e que Rhomer se atrevessou a retratar em cartão..sempre essa Paris do lado direito, o lado do passado e do futuro. Essa Paris também imortalizada por ausência em Casablanca (afinal We always have Paris...), essa  Paris que afinal também é de Besson (Subway), Garcia (Place Vendome), Kassowitz (La Haine)... 

 

E a rive gauche?

Que faríamos nós sem esse rio que divide e une. Que rasga e cose. Sem essa margem rebelde.Sempre essa bela margem de irreverência, a margem dos artistas e estudantes, dos pensadores e filósofos. A margem dos idealistas, dos irreverentes autores que procuram demarcar-se do establishment, o mesmo a que se renderam os revolucionários. Pelas ruas do Quartier Latin, de olhos postos na mãe de todas as catedrais, essa Nossa Senhora de Paris que Vitor Hugo imortalizou com a fineza de um retratista, vimos mil e um momentos a desenrolar-se pelas ruas percorridas pelos universitários que tentaram (e tentarão, inevitavelmente, é o karma da cidade) mudar o Mundo. A rive gauche tem o coração a palpitar da cidade. A oeste o coração das finanças que hoje a nova filmografia gosta de publicitar. A leste a velha cidade, a porta para o resto de um país que sempre viveu entre o ódio e admiração à sua capital. Pelos policiais de serie B (alguém se lembra de Bob Flambeur?) ou do cinema sério de Rene Clair, Clouzout ou Renoir, há sempre um esgar de desprezo e admiração pour le otro cotê. Esquecendo-se também que é aí também que melhor se pode apreciar a outra banda.

 

Mas Paris é mais, sempre mais, do que duas margem destinadas a amar-se e odiar-se. O cinema soltou-se do rio - que homenageou vezes sem conta - e declarou o amor eterno a toda a cidade. Paris Je T´Aime apenas confirmou as nossas suspeitas. O cinema está perdidamente apaixonado pela cidade e tem a tipica vergonha de adolescente em demonstra-lo, Por isso tanto a pinta como luminosa e de tons azuis, como a enegrece e lhe leva as chuvas torrenciais, o frio e o mau tempo. Tanto faz. É Cinema. É Paris. É uma cidade maior do que os sonhos e que vive muito para além dos postais. De Sacre Couer observa-se Paris com a contemplação divina de uma paisagem onírica. Se Montmarte ainda hoje vive escondida no coração de cada um de nós é também por essas inesqueciveis sequências que nos levam pelas labirinticas ruas que deram cor ao Moulin Rouge, ao retiro dos artistas da Belle Epoque. É também pelas desventuras de Amelie e o seu Deux Moulins ou pelo olhar cínico de Irma la Douce.

 

Na cidade que ama o cinema tanto quanto o cinema ama a cidade, respira-se a cada momento aquele frame inesquecível que faz de qualquer obra algo imortal. De Hotel du Nord, essa primeira incursão nas labirinticas ruas até Paris Je T´Aime, já se fizeram mil e uma declarações de amor. Serão sempre insuficientes. A Paris, há que apaixonar-se sempre uma vez mais. É inevitável

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Autor Miguel Lourenço Pereira às 11:14
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Terça-feira, 22 de Setembro de 2009

Clooney dirige Damon em drama sobre Guantanamo

Quem não se lembra do explosivo Jack Nicholson em A Few Good Men, dando corpo a um oficial do exército que dá ordem de execução a um soldado na base instalada na baía de Guantamo? A história agora é bem diferente mas o cenário é o mesmo.

 
George Clooney decidiu-se a voltar atrás das camaras - onde arrancou com o promissor Confessions of a Dangerous Mind a que se seguiu o não menos brilhante Good Night and Good Luck. - e escolheu Guantamo como alvo.
 
The Challenge é um forte drama sobre os presos na prisão norte-americana instalada na base em Cuba, detidos e acusados sem um julgamento prévio. Um deles encontra num oficial da marinha o advogado para a sua causa, inspirada neste argumento de Aaron Sorkin num caso real.
 
Para o principal papel a escolha de Clooney recai no seu amigo Matt Damon, com o qual já trabalhou na saga Ocean e em Syriana, e que completa assim um ano extraordinário onde estreia dois filmes a não perder - Invictus e The Informant! - e se prepara para assumir-se definitivamente como um dos maiores actores da sua geração.
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Autor Miguel Lourenço Pereira às 11:32
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Segunda-feira, 21 de Setembro de 2009

Precious seduz Festival Internacional de Toronto

O polémico Precious: Based on the Novel Push by Saphire, foi o grande vencedor da edição deste ano do Festival de Toronto. Depois de brilhar em Sundance o filme produzido por Oprah Winfrey que explora a vida no Harleem e a vida da sua protagonista, uma adolescente obesa, com problemas e grávida do segundo filho do seu próprio pai, levou o aplauso da critica e público.

 

O filme dirigido por Lee Daniels é o triunfo da comunidade negra que desde a produção à interpretação fez deste filme um porta-estandarte deste novo rosto da América pós-Obama. Uma adolescente problemática, obesa, maltratada pela mãe e grávida do segundo filho do pai que acaba de a abandonar à sua sorte comoveu a audiência e lançou a base para que Precious se tornasse, por direito próprio, num dos filmes mais destacados de 2009. Para eles a campanha aos Óscares já começou, destacando as perfomances de Gabourey Sidibe, MoNike e Mariah Carrey.

 

The Topp Twins de Leanne Polley venceu o prémio a Melhor Documentário. Um projecto sobre duas cantoras folk lésbicas que bateu o favorito Capitalism A Love Story, do polémico Michael Moore.

 

Em destaque ao longo do Festival, apesar de sair sem prémios, estiveram Lebanon (paralelamente vencedor do Leão de Ouro de Veneza), A Serious Man que marca o regresso dos Coen e ainda The Informant (Steven Soderbergh), Up in the Air (Jason Reitman), Get Low (Aaron Schneider), An Education (Lone Scherfig) e The Road (John Hillcoat).


Autor Miguel Lourenço Pereira às 10:34
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