Segunda-feira, 28 de Fevereiro de 2011

The King´s Speech reina numa noite muito equilibrada

Enganaram-se (eu incluído) os que esperavam que a Academia de Hollywood iria estender uma passadeira vermelha ao belíssimo The King´s Speech. Até aos suspiros finais da noite era fácil imaginar que poderia ocorrer um verdadeiro volte-face. O filme de Tom Hooper partiu para as últimas três categorias com apenas um Óscar e muitas derrotas pelo caminho. Mas, no final, impôs-se o final esperado, o happy ending de que Hollywood tanto gosta e predica e numa das noites mais renhidas dos últimos anos, a meca do cinema americano voltou a render-se ao cinema de terras de sua majestade.

 

 

 

Não foram necessariamente surpresas mas havia no ar uma sensação de domínio esmagador (que se concretizou, por exemplo, com Slumdog Millionaire) que nunca arrancou. The King´s Speech perdia Óscar atrás de Óscar e dava esperanças aos (muitos) fãs de The Social Network e Inception, os únicos que aguentavam a caminhada. Se o filme de Chris Nolan se converteu, como era esperado, no rei dos Óscares técnicos (venceu quatro estatuetas incluindo uma merecida à Fotografia de Wally Pfister), já The Social Network vencia prémios importantes (Banda Sonora - prémio a Trent Reznor e companhia por uma das soundtracks mais originais do ano - Argumento e Montagem) e colocava-se a jeito para dar o golpe de misericórdia. Por essa altura já The Fighter tinha provado que era "o" filme dos actores (Christian Bale e Melissa Leo mereceram, e muito, subir ao palco do Kodak Theather) e Natalie Portman acabava por ser consagrada, oficialmente, como a nova rainha emocional de Hollywood. Mas nenhum dos dois filmes - junto com True Grit que saiu da gala de mãos vazias como sucedeu com 127 Hours, Winter´s Bone e The Kids Are Allright, o trio indie do ano - podia aspirar a mais. Com duas estatuetas caminhava já também Toy Story 3. Mas eram vitórias previsíveis - e merecidas - e que nada adiantavam a uma corrida que começava a desmembrar-se em vários amigos de ouro pelas filas do magnifico teatro angelino. 

 

Numa gala morna, sem grande espectáculo visual e com dois apresentadores que tentaram dar cor a um espectáculo que precisa - e desesperadamente - de um one-man-show competente para manter a noite viva até ao final, começaram os burburinhos. Os rumores. As unhas roídas. A passadeira vermelha tinha dado os momentos de glórias às actrizes que falharam o palco mas os homens, nos seus fatos engravatados, não tiravam os olhos dos envelopes mais importantes. Os que decidiam a noite. A Academia fez os espectadores - e os nomeados - sofrer bem até ao final. E depois, num final esperado mas, ao mesmo tempo, anti-climático, todas as expectativas de uma reviravolta desfizeram-se como um castelo de cartas. Colin Firth subiu, imperialmente, ao palco para recolher o mais que merecido Óscar sobre o olhar aprovador da galeria. Minutos depois foi Tom Hooper, o surpreendente britânico que andou atrás de Brian Clough pelos campos lamacentos da Inglaterra dos anos 70, que contrariou aqueles que previam um cenário mais equitativo e empatou a contenda. Havia três Óscares para dois filmes e faltava um só envelope por abrir.

 

A figura de Spielberg, o guru emocional desta Hollywood a meio caminho entre as fortunas milionárias e a fugacidade artística, era providencial. O cineasta acabou por anunciar o mesmo final que o condenou há 12 anos atrás: uma vitória britânica inesperada num sprint final tremendo patrocinado pelo guru Weinstein. The King´s Speech subiu ao palco para reclamar o seu 4 Óscar da noite (igualando com Inception) e The Social Network (com as suas três estatuetas) foi forçado a colocar um "gosto" de sorriso amarelo à gala que quase consagrou o fenómeno facebookiano. Fincher e companhia devem ter feito poucos "amigos" durante a noite mas a Academia cumpriu o prometido. Uma gala equilibrada até ao final (The Fighter, Alice in Wonderland e Toy Story com 2 estatuetas secundaram o pódio) que terminou com o esperado final feliz para um rei gago e o seu séquito de underdogs. Fincher pode voltar para os seus thrillers policiais (The Girl with the Red Dragon Tatoo já espreita), Weinstein pode voltar ao trono perdido e Hollywood voltará a dormir tranquila. Faltam só 365 dias para a próxima noite dourada...

 

 

 

 

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Autor Miguel Lourenço Pereira às 08:24
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Sábado, 26 de Fevereiro de 2011

Oscarwatch 2010 - O prémio final

O grande público gosta dos actores mas os prémios finais, os que definem uma corrida e uma temporada de prémios da Academia, são sempre os que fecham a noite: os Óscares ao Melhor Realizador e Filme. Habitualmente obra e maestro são recompensadas ao mesmo tempo, como um reforço emocional de um dominio claro. Mas este ano, como poucos na história, parece apontar noutra direcção. Como Ang Lee vs Paul Haggis, como Steven Soderbegh vs Ridley Scott ou como Steven Spielberg vs John Madden. Um cenário que de tempos a tempos lembra que para a Academia há os filmes e há os realizadores...

 

 

 

 

MELHOR FILME

 

Segundo ano da segunda era dos 10 filmes nomeados e Hollywood recuou e voltou a ser igual a si mesmo. Nomeou 10 filmes extremamente similares com pequenas particularidades e clichés cumpridos escrupulosamente (o filme animado- confirmado; o filme indie de Sundance - confirmado; o filme para as minorias (sexuais neste caso) - confirmado; o filme de autor - confirmado; o filme dramático convencional - confirmado) e deixou a corrida reduzida a dois nomes.

 

Se True Grit vencer - e é o único filme fora do duo favorito que o pode fazer - seria uma surpresa imensa tal é o buraco que existe entre The King´s Speech, The Social Network e os outros. Se Inception quisesse vencer tinha de ter nomeações que lhe faltaram. O mesmo para Black Swan e 127 Hours. E mesmo o popular The Fighter não é tão transversal como se pode imaginar. E como falta muito para um filme animado vencer no prémio principal - por muito que Toy Story 3 ou a Pixar mereçam - a corrida vai-se apertando e reduzindo de forma a que nem um emotivo Winter´s Bone ou The Kids Are Allright, os representantes oficiais de Sundance e a ala esquerda americana, podem contrariar.

 

E no meio de tudo isto há o filme amado na internet, glorificado pela critica. E o filme dos veteranos, dos actores, dos emocionais. A luta entre razão e coração domina habitualmente a corrida aos Óscares e este ano voltou a ser preponderante para definir os dois lados da barricada. The Social Network emergiu como um filme aclamado pela critica norte-americana e pelo público online que se identifica com a narrativa, os personagens e o estilo de vida de uma geração facebookiana. Para todos esses The Social Network pode funcionar como espelho de uma geração. Os defeitos do filme ficam num segundo plano, é a mensagem que conta. Uma mensagem que parecia que tinha ganho apoios impressionantes de tal forma que em Dezembro não havia ninguém que acreditasse que pudesse haver outro ganhador. Excepto Harvey Weinstein.

 

O mago que sacou Shakespeare in Love da cartola voltou a fazer o mesmo.

The King´s Speech sempre foi popular, desde que venceu o prémio do público em Toronto no mês de Setembro. História tocante, real e extremamente bem contada, toca no coração mais do que na mente, toca na emoção ou na alma dos espectadores e dá uma sensação de paz interior a que o filme de Fincher nunca podia alcançar. O apoio dos sindicatos fez-se notar de uma forma inesperada e o recorde de nomeações entre os candidatos reforçou o favoritismo de um filme que tem, além do mais, todas as condições para triunfar. É um filme feito à medida de Hollywood, apoiado num óptimo guião, numa sóbria realização, num excelente trabalho técnico e numa troupe de actores (e em The Social Network faltam tanto os actores) encantadora do primeiro ao último frame...

 

The King´s Speech tornou-se no máximo favorito e o tabuleiro inverteu-se de tal forma que uma derrota do filme britânico é uma imensa surpresa para que acompanhou a corrida. Além do mais o Reino Unido tem cerca de um quinto dos membros da Academia, por muito que os prémios sejam norte-americanos, e apoiaram em força o seu projecto, o que pode desiquilibrar a corrida. Já foi assim no passado com Slumdog Millionaire, Shakespeare in Love, The English Patient ou Braveheart, todos eles vencedores de duelos com projectos made in USA.

 

O filme de Tom Hooper tem tudo para sair do Kodak Theather com meia dúzia de estatuetas douradas na mão. Nenhum será mais dificil de ganhar do que esta. Nenhuma será tão merecida. Um filme que pode não definir uma era (e The Social Network também não o faz) mas que define bem um ano. 2010.

 

 

E o Óscar vai para - The King´s Speech

E a Surpresa é - True Grit

E o Óscar Devia ir para - Inception

 

 

 

 

 

MELHOR REALIZADOR

 

 

Hollywood não tem por hábito premiar em vão. E Tom Hooper é um rookie nestas coisas.

 

Realizador televisivo, deu o salto ao cinema com o excelente The Damned United e confirmou todo o seu talento em The King Speech. A sua vitória no DGA foi, talvez, a mais surpreendente de toda a temporada. E muitos têm-no como favorito a levar para casa mais um Óscar para o filme britânico. E no entanto a Academia já demonstrou, vezes sem conta, que gosta de premiar autores consagrados, nem que seja mais do que uma vez. Nem Madden, nem Haggis, nem Bedford, todos eles autores de filmes oscarizados, venceram a estatueta dourada ao Melhor Realizador. Porque não tinham o perfil certo. E Hooper também não o tem. A sua vitória, por muitas estatuetas que ganhe o filme do rei, seria sempre uma surpresa.

 

Mais consensual seria um prémio entregue a Darren Aronofsky. Autor original que gosta de caminhar no limbo, o seu Black Swan é um filme apaixonante do principio ao fim e um excelente exercicio de direcção cinematográfica. É impossível imaginar um trabalho mais bem estruturado como o seu e ele é, sem dúvida, o terceiro em discórdia. Mas também é um autor demasiado vincado, com pouca relação com a indústria e isso pesa com os votantes mais conservadores. Basta ver o que tardaram os irmãos Coen, que voltam a ser nomeados, em vencer o seu primeiro Óscar. Fora da corrida está o nomeado emocional, David O. Russell, autor de um comeback como Hollywood gosta e que ficou com o lugar que seria, meritoriamente, de Christopher Nolan.

 

E por fim, Fincher. David Fincher.

Uma carreira com poucos filmes mas com sucesso atrás de sucesso, filmes de culto e obras paradigmáticas da evolução cinematográfica dos últimos quinze anos. The Social Network não é, de longe, o seu melhor filme. Muito menos o era The Curious Case of Benjamin Button. Mas são estes projectos que lhe podem valer a confirmação do mainstream e dar-lhe o Óscar que outros rivais da sua geração não conseguiram alcançar. A sua vitória é a vitória do cinema de autor, de um estilo particular e de uma carreira imaculada. Apesar das fraquezas de The Social Network o seu nome é quase impoluto e o seu triunfo quase uma inevitabilidade. Perder a estatueta para um cineasta ainda mais alternativo (Aronofsky) ou sem background na indústria (Hooper) significaria, muito provavelmente, a última oportunidade de pintar-se de dourado. E Fincher merece-o, apesar de tudo.

 

E o Óscar vai para - David Fincher (The Social Network)

E a Surpresa é - Tom Hooper (The King´s Speech)

E o Óscar Devia ir para - Tom Hooper (The King´s Speech)

 



Autor Miguel Lourenço Pereira às 11:35
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Sexta-feira, 25 de Fevereiro de 2011

Oscarwatch 2010 - A máscara dos actores!

Eles são, de longe, o maior grupo individual constituinte da Academia. Eles são, de longe, a principal razão da popularidade da emissão da gala, com o mundo preso para ver o que fazem os seus idolos. São eles que dão cor à passadeira vermelha e são deles os discursos que passam à história. Vivem e trabalham com uma máscara e na noite dourada vestem outra, só deles, para subir ao palco e entrar na história.

 

 

 

 

MELHOR ACTOR PRINCIPAL

 

 

Há duas corridas que estão praticamente fechadas. Ontem comentamos o quão previsivel é a vitória de Sorkin. Tanto quanto a de Colin Firth.

 

O actor inglês deveria ter ganho no ano passado - o seu Single Man foi mais certeiro que o prémio de carreira entregue a Jeff Bridges, até este ano melhor que naquele Crazy Heart - e esse tipo de coisas pesa e muito. Especialmente se são dois anos consecutivos ao melhor nivel. Firth é popular em Hollywood desde os dias das suas adaptações austenianas. Passou por ser vilão, apaixonado irredutivel e introspectivo solitário. Mas é como o monarca Jorge VI que acabará por entrar no panteão dos oscarizados.

 

Um desempenho imenso que vale bem uma estatueta e que não tem rival. Jesse Eisenberg é demasiado novo (e a sua performance não é tão tocante e bem conseguida como se poderia imaginar). Jeff Bridges vem de uma vitória de carreira e será extremamente dificil que volte a ganhar. James Franco, co-apresentador da gala, terá o seu momento, é um dos novos idolos de Hollywood. Mas nenhum deles pode fazer sequer sombra a Firth.

 

Javier Bardem, popular entre a ala esquerda de Hollywood e fortissimo representante da comunidade latina seria, paradoxalmente, a grande ameaça ao inglês. O seu desempenho em Biutiful é imenso, certeiro e tocante. E desde Roberto Benigni que um actor europeu sem falar inglês não era nomeado à estatuta. Benigni ganhou contra rivais imensos. Bardem poderia emular o feito. Só ele pode fazer gaguejar o rei.

 

E o Óscar vai para - Colin Firth (The King´s Speech)

E a Surpresa é - Javier Bardem (Biutiful)

E o Óscar Devia ir para - Colin Firth (The King´s Speech)

 


 

MELHOR ACTRIZ PRINCIPAL

 

Annette Benning está destinada a ser a Deborah Kerr do século XXI? É bem possivel.

 

Depois de American Beauty e Being Julia o seu desempenho como mãe lésbica e controladora até a um extremo que poderá fazer perder o seu apreciado núcleo familiar em The Kids Are Allright, entra na galeria das grandes performances femininas da década. Mas não será suficiente. Nunca parece sê-lo. Este ano não é Hilary Swank (que a bateu por duas vezes) mas sim Natalie Portman o seu cisne negro. A sua nemésis.

 

Benning poderia ser a favorita sentimental de Hollywood mas Portman é também membra de pleno direito da realeza. Considerada como uma das poucas child-actors que singraram na idade adulta, Portman transforma-se até ao limite em Black Swan e assina um desempenho digno de um Óscar. A sua campanha de marketing, o seu ar de menina transformada em mulher (casada, grávida e tudo) ajuda a fechar o embrulho perfeito para Hollywood delirar uma vez mais na coroação dos seus próprios mitos.

 

Na corrida estão também a belissima e jovem Jennifer Lawrence que carrega às costas todo o peso do imenso Winter´s Bone, a ressuscitada Nicole Kidman como mãe atormentada em Rabbit Hole e talvez a mais certeira e intensa de todas as nomeadas, Michelle Williams, sublime em cada frame de Blue Valentine. Três nomes que contam pouco na corrida e que poderão juntar-se a Benning a ver o cisne branco desfilar.

 

 

E o Óscar vai para - Natalie Portman (Black Swan)

E a Surpresa é - Jennifer Lawrence (Winter´s Bone)

E o Óscar Devia ir para - Michelle Williams (Blue Valentine)

 

 

 

 

 

MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO

 

Até ao momento em que o envelope se abra e MoNique pronuncie o nome do ganhador ninguém será capaz de adivinhar quem venceu a corrida mais renhida dos últimos anos.

 

Geoffrey Rush é o favorito sentimental. Já venceu o prémio (Melhor Actor em 1996 por Shine) e já recebeu nomeações prévias e é igualmente o principal productor de The King´s Speech. E move-se pelo meio de Hollywood como um peixe na água. Seria surpreendente que não fosse o ganhador - até porque a sua performance é, imensa, e quase tão protagonista como a do próprio Firth. Se não fosse por Christian Bale.

 

Menino prodigio descoberto por Spielberg, é um dos nomes malditos de Hollywood. Como o seu amigo Heath Ledger - que venceu a estatueta há dois anos por um filme onde ambos contracenaram - é um nome que desperta paixão e ódio em igual medida. Mas não houve em 2010 nenhum desempenho, principal ou secundário, masculino ou feminino, tão intenso como o seu. E isso não se consegue esconder. A vitória no SAG deu-lhe mais força ainda e a sua vitória é a nossa aposta pessoal sabendo que o cenário oposto é igual de verosímel. Não haverá nunca surpresas entre estes dois, apenas uma injustiça tremenda por não se verificar um empate técnico.

 

Na corrida, mas a vê-la bem lá ao longe, Mark Ruffalo, Jeremy Renner e John Hawkes, a grande e grata surpresa entre os nomeados e o único que lhes poderia fazer sombra noutro ano. Neste, com duas performances e duas personagens tão apaixonantes, não tem a minima hipótese.

 

 

E o Óscar vai para - Christian Bale (The Fighter)

E a Surpresa é - Geoffrey Rush (The King´s Speech)

E o Óscar Devia ir para - Christian Bale (The Fighter)

 

 

 

 

 

 

MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA

 

Corrida apertada até à medula sem uma clara favorita e com todas - mas realmente todas - as nomeadas com possibilidades reais de vencer. E isso já é dizer muito.

 

Há quem aponte que a jovem (e protagonista) de True Grit, a imensa Hailee Steinfeld, está a ganhar apoios para conseguir uma vitória adolescente capaz de lembrar os sucessos pretéritos de Tatum O´Neal e Anna Paquin. Seria uma vitória nada surpreendente dado o sucesso do filme mas seria conseguido por uma actriz que é, claramente, a protagonista do filme e que apenas foi desviada para uma corrida já de si apertada, por puras questões de marketing.

 

A armada inglesa apostará, seguramente, por Helena Bonham-Carter, num dos seus melhores papeis como Elizabeth Bowles, rainha de Inglaterra por surpresa e grande instigadora de toda a narrativa. Os votos ingleses e daqueles que adoraram The King´s Speech podem desencantar uma balança equilibrada, apesar de outros considerarem a actriz como o elo mais fraco de todo o filme. Que não o é.

 

Depois há a australiana Jackie Weaver, assustadoramente imensa no papel de uma matriarca de um gang australiano que decide ajustar contas com a sua ovelha negra, um filho seduzido pelo lado branco da vida. Papel que fez tremer Sundance há mais de um ano e que não foi esquecido na corrida ao Óscar onde uma vitória seria surpreendente para muitos mas inteiramente justa para outros tantos.

 

Sobra, portanto, a dupla de The Fighter, aquela que mais prémios tem acumulado. Amy Adams e Melissa Leo repetem nomeação e partilham o protagonismo de um filme que tocou fundo na alma dos actores. A jovem Adams começa a tornar-se num caso sério de popularidade em Hollywood e o seu papel é um dos mais certeiros do filme. Mas Melissa Leo é igualmente imensa, uma actriz em consagração depois de anos a passear pelo circuito indie, e tem esse voto emocional que tanto pode pesar na mente de alguns votantes. É a nossa aposta mas não é, de longe, uma favorita clara. Aqui tudo pode suceder.

 

 

E o Óscar vai para - Melissa Leo (The Fighter)

E a Surpresa é - True Grit (Hailee Seinfeld)

E o Óscar Devia ir para - Jackie Weaver (Animal Kingdom)

 



Autor Miguel Lourenço Pereira às 11:43
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Quinta-feira, 24 de Fevereiro de 2011

Oscarwatch 2010 - Argumentos, Estrangeiros e sempre algo mais...

São os prémios intelectuais da gala, aqueles que a indústria respeita mas desconfia, que o público ignora e aproveita para fazer zapping e que os criticos glorificam até ao limite. Prémios ao Melhor Filme de Lingua Não-Inglesa, Documentário, Filme Animado e Argumentos (Original e Adaptado), fazem parte da nata de Hollywood, sempre repleta de surpresas e ajustes de contas, no minimo, culturais...

 

 

 

 

 

MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL

 

Quando pela primeira lhe surgiu a ideia de relatar a história por detrás de The King´s Speech, David Seidler contactou directamente a rainha-mãe, Elizabeth para que lhe desse autorização a seguir em frente com o projecto. A mulher do rei Jorge VI contou-lhe tudo o que sabia desta estranha e apaixonante amizade entre um monarco e o seu ludopeda australiano mas fê-lo prometer que a história não veria a luz do dia enquanto fosse viva. E por isso o filme demorou quase meio século em ser produzido.

 

Essa história por detrás da história ganha votos, e muitos, numa Hollywood que respeita muito a fidelidade. E isso é parte do charme que acompanha o filme e que tem despertado tanto entusiasmo dos dois lados do Atlântico. Por isso - e por muito mais - The King´s Speech é aqui o máximo favorito e apesar do genial guião por detrás de Inception e da Hollywood mais alternativa preferir a história de The Kids are Allright, os outros dois grandes candidatos à estatueta dourada.

 

The Fighter - um filme que despertou muita simpatia em Hollywood - e Another Year, que certamente conseguirá votos em Inglaterra, são os outros dois nomeados mas nesta corrida contam muito pouco. Estão todos à espera de ver o rei passar...

 

 

E o Óscar vai para - The King´s Speech (David Seidler)

E a Surpresa é - The Kids Are Allrigth (Lisa Chodolenko, Stuart Blumberg)

E o Óscar Devia ir para - Inception (Christopher Nolan)

 

 

 

 

 

MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO

 

 

Há poucos filmes cujo o argumentista tem tanta ou mais fama dentro da indústria do que o realizador ou mesmo o elenco. The Social Network é um desses filmes.

 

Apesar da popularidade de David Fincher, o grande apelativo da história sobre as origens do Facebook centra-se, essencialmente, na qualidade do guião escrito e adaptado por Aaron Sorkin, um dos homens mais importantes da escrita televisiva norte-americana que deu o salto ao cinema em grande estilo com o drama à volta da enigmática figura de Mark Zuckerberg.

 

O argumento de The Social Network é praticamente imbatível e seria a maior surpresa da noite (e isso é certo) se não vencesse a estatueta a que está nomeado. E como tal os rivais pouco ou nada podem fazer, por muito que o guião de Toy Story 3 seja imaculado, por muito que Winter´s Bone seja um filme inesquecivel, por muito que True Grit seja dos Coen ou que 127 Hours signifique mais um golpe de cintura de Danny Boyle.

 

Esta corrida acabou antes de começar. Ou isso, ou True Grit vencerá a maioria dos Óscares a que está nomeado!

 

E o Óscar vai para - The Social Network (Aaron Sorkin)

E a Surpresa é - Winter´s Bone (Debra Granik, Anne Rosselini)

E o Óscar Devia ir para - Toy Story 3 (Michael Arndt)

 

 

 

 

 

MELHOR FILME DE LINGUA NÃO-INGLESA

 

Com alguns dos favoritos a ficar pelo caminho ainda nas fases de pré-selecção, a lista divulgada pela Academia acabou por ser bastante consensual (excepto em Espanha, ausente de novo).

 

A obra de Gonzalez Iñarritu, o provocador e introspectivo Biutiful é claramente o favorito (a nomeação de Bardem ao prémio de Melhor Actor já o denuncia) mas com a especificidade de que cada membro que vote tem, forçosamente, de ver os cinco filmes, tudo pode realmente suceder. Biutiful é favorito em todas as apostas e tem valor suficiente para devolver a estatueta dourada ao México depois de largos anos de ausência.

 

Mas o incisivo In a Better World, profundo drama nórdico rodado na Dinamarca, e o provocador Dogtooth que chega da Grécia, oferecem duas visões alternativas, e bem europeias, que habitualmente costumam deixar marca nos gostos da Academia.

 

Da Argélia (e do convulso magrebe) vem Outside the Law, mais um drama emocional sobre as duras condições de vida no norte de África (que pode ganhar alguns votos de simpatia com a actual conjuntura politica) e do Canada chega Incendies, um filme que diz certamente mais à maioria dos membros, pela sua proximidade, mas que, por isso mesmo, pode pecar de falta de originalidade para uma estatueta que procura, quase sempre, dar destaque ao distinto que se faz nos cinco continentes (este ano reduzidos a três na lista de nomeados).

 

E o Óscar vai para - Biutiful (México)

E a Surpresa é - In a Better World (Dinamarca)

E o Óscar Devia ir para - Biutiful (México)

 

 

 

 

 

MELHOR DOCUMENTÁRIO

 

É sempre dificil prever o que a Academia de Hollywood pensa quando atribuiu o prémio ao melhor Documentário.

 

Há anos em que prefere a polémica, outros onde aposta pelo convencional. Este ano a luta é a mesma de sempre. Um documentário de denuncia popular, Inside Job, luta contra o polémico artista Banksy e o filme feito à volta da sua misteriosa obra e pessoa, Exit Trough the Gift Shop.

 

O primeiro tem colecionado a maioria dos prémios, o segundo é uma obra inteligente, provocativa e que já surpreendeu muitos ao ser nomeado. É a nossa aposta porque Hollywood, à sua maneira, também gosta de surpreender. E ás vezes logra-o e bem.

 

Restrepo seria outra alternativa mas já perdeu terreno na corrida para o duo da frente enquanto que The Waste Land e Gasland completam o leque de nomeados sem grandes opções para levar para casa a estatueta dourada.

 

 

E o Óscar vai para - Exit Trough the Gift Shop

E a Surpresa é - Inside Job

E o Óscar Devia ir para - Exit Trough the Gift Shop

 

 

 

 

 

MELHOR FILME ANIMADO

 

Não há corrida quando a Pixar está em jogo. Não há corrida quando há um filme tão amado como aquele que culmina Toy Story, a primeira trilogia dos estúdios que revolucionaram a história do cinema de animação.

 

É dificil imaginar que o terceiro capitulo não emule o feito dos seus predecedores e que saia do Kodak Theater com a estatueta na mão (tem cinco nomeações e pode até vencer mais do que uma) e mesmo o notável trabalho desenvolvido pela equipa da DreamWorks em How to Train Your Dragon parece ser manifestamente insuficiente. E nem o espirito artistico gaulês de The Illusionist, mais uma bela obra de Sylvan Chomet, parece ser capaz de bater um dos maiores sucessos do ano. A Pixar triunfará de novo, com toda a certeza.

 

E o Óscar vai para - Toy Story 3

E a Surpresa é - The Illusionist

E o Óscar Devia ir para - Toy Story 3

 



Autor Miguel Lourenço Pereira às 12:04
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Quarta-feira, 23 de Fevereiro de 2011

Oscarwatch 2010 - Categorias Técnicas

As categorias técnicas podem ser um problema para uma Academia que quer agradar a todos os públicos e que para isso está disposto a fazer da sua gala um espectáculo. E entregar seis prémios sem nomeados repletos de glamour ou numa linguagem (visual entenda-se) pouco evidente para o grande público é um dilema.

 

Mas são estas as estatuetas que formam parte do coração da noite. Não têm o glamour dos prémios de actores, nem o lado intelectual dos prémios de argumento ou direcção, mas são parte importante do núcleo dos membros que pertencem à Academia e servem, habitualmente, para reconhecer alguns dos grandes artifices da Meca do Cinema.

 

 

 

 

 

MELHOR MONTAGEM

 

 

Quantas vezes o Óscar de Melhor Filme perdeu o Óscar a Melhor Montagem?

 

Muito poucas. Quase nenhumas. Raramente. E no entanto todos dão The Social Network como máximo favorito nesta categoria (e a vitória nos EDDIE reforçou ainda mais o seu estatuto). E esses são os mesmos que acreditam que The King´s Speech não pode perder no prémio principal. Uma contradição que diz, e muito, da corrida deste ano. A emoção está do lado do filme britânico que tem um belo trabalho de montagem - é preciso dizê-lo - mas os experts podem preferir premiar a labor mais académica do filme de Fincher que, como todos os seus filmes, está igualmente editado na perfeição.

 

No meio desta corrida de galos pode decidir-se o vencedor final. Vencendo o prémio a Argumento, Montagem e Direcção (outro cenário provável), como pode The Social Network perder? É que os fãs do filme de Fincher sabem que aqui jogam a sua melhor carta enquanto que os apoiantes da obra de Hooper têm claro que uma vitória aqui, e a noite está decidida.

 

Entre ambos será entregue a estatueta a não ser que os 5 mil membros da Academia, à sua maneira, decidem partir o mal pelas aldeias e procurar uma terceira via. E aí o trabalho de Black Swan supera-se e à concorrência (127 Hours e The Fighter) e assume-se como o filme mais bem editado de todos os cinco nomeados. Uma vitória seria um sério reconhecimento à obra de Aronofsky que corre o risco de sair da gala apenas com uma estatueta, a previsivel vitória de Portman.

 

E o Óscar vai para - The Social Network

E a Surpresa é - The King´s Speech

E o Óscar Devia ir para - Black Swan

 

 

 

 

 

MELHOR FOTOGRAFIA

 

Roger Deakins e Wally Pfister são, provavelmente, dois dos mais competentes e engenhosos cinematografos da história de Hollywood.

 

Este ano estão, uma vez mais, num duelo mano a mano que representa, também, duas estéticas perfeitamente definidas. A cor e ritmo vibrante de Deakins em True Grit para os tons mais escuros e reflexivos de Pfister e Inception. Dois filmes maravilhosamente fotografados, cada qual à sua maneira, e pugnam por um Óscar que deveria, em última instância, partir-se em dois.

 

Mas esse duelo entre favoritos pode também ser vitima colateral da estatueta principal e dos prémios que The King´s Speech (Danny Cohen) ou The Social Network (Jeff Cronenweth) possam conseguir. É uma categoria complexa, equilibrada e apaixonante onde há ainda espaço para o negro colorido de Black Swan (Matthew Libatique, outro trabalho sublime) e para a dúvida.

 

Num dos melhores anos dos últimos tempos, qualquer ganhador será justo, qualquer perdedor será atraiçoado pela realidade, qualquer surpresa é real.

 

E o Óscar vai para - True Grit

E a Surpresa é - The King´s Speech

E o Óscar Devia ir para - Inception

 

 

 

 

 

 

 

 

MELHOR DIRECÇÃO ARTISTICA

 

Concepção de espaços, análise de angulos, transpiração de geometrias.

 

A criação dos cenários é uma tarefa das mais complicadas que se podem encontrar na produção cinematográfica. Se os filmes, além do mais, passam ao lado dos convencionais apartamentos ou paisagens a céu aberto, a situação complica-se ainda mais. Há o mundo dos sonhos, incontroláve e em constante mutação, de Inception. Há os palácios reais, os escritórios improvisados de The King´s Speech, num revisitar sério aos anos 30 ingleses. E há, claro, a loucura do mundo de Lewis Carroll, dezassete anos depois da primeira viagem de Alice.

 

Três filmes com iguais probabilidades de levar-se para casa a estatueta (as paisagens a céu aberto de True Grit e o mundo de Hogwart e dos feiticeiros em Harry Potter and the Deathly Hallows parecem relegados a um segundo plano) e que entrarão, forçosamente, na mesma dinâmica de prémios que acompanha toda a gala, por muito que a maioria continue a pensar que o vencedor é-o apenas por méritos próprios.

 

O caso repete-se. Vitória em larga escala de The King´s Speech, e Óscar para a equipa de Hooper. Para chegar a números elevados o filme precisa de acumular estatuetas e é neste tipo de categorias que se pode engordar a conta dourada. Se a técnica pela técnica fosse suficiente, o prémio seria para Inception que procura ser o rei, mas das categorias técnicas entregues pela Academia. E se o apoio a Alice in Wonderland for real e empático, há sempre a possibilidade do filme de Burton surpreender. Tudo pode suceder, tudo está nas mãos do "Rei".

 

E o Óscar vai para - The King´s Speech

E a Surpresa é - Inception

E o Óscar Devia ir para - Inception

 

 

 

 

 

MELHOR GUARDA-ROUPA

 

Belissimo trabalhos de recriação de época contra o ousado e original mundo do faz de conta.

 

Um duelo expectante entre o favorito Alice in Wonderland (e os seus trajes esperpêndicos e luminosos) contra a abordagem mais rigida e convencional da monarquia britânica (The King´s Speech) ou da alta burguesia italiana (Io Sono il Amore), dois perfeitos exemplos do classicismo no design do guarda-roupa.

 

Se a noite for de consagração para o filme britânico é de esperar que este seja um dos Óscares a cair no bolso da produção de Harvey Weinstein. Porque é um belissimo trabalho e porque é uma forma de reconhecer o notável trabalho técnico de um filme apreciado em vários quadrantes.

 

Mas se a Academia se focar apenas no guarda-roupa será de prever que o filme de Burton consiga aqui uma estatueta honorifica. Apoio tem, e a prova está nas multiplas nomeações técnicas conseguidas. Já The Tempest, True Grit e Io Sono il Amore têm poucas probabilidades numa categoria onde as surpresas não costumam ser muito frequentes.

 

E o Óscar vai para - The King´s Speech

E a Surpresa é - Alice in Wonderland

E o Óscar Devia ir para - The King´s Speech

 

 

 

 

 

MELHOR MAQUILHAGEM

 

Categoria sem favoritos claros, o Óscar à Melhor Maquilhagem pode escolher entre o excêntrico (e tecnicamente irrepreensivel) The Wolfman ou os trabalhos mais humanos (e talvez por isso, mais complexos) que rodeiam as transformações de Barney´s Version e The Way Back, dois filmes com boa critica mas praticamente com nenhum respaldo do público ao contrário da aventura de lobisomens.

 

É uma categoria enigmática até à medula e a nossa aposta prende-se mais com o historial recente da Academia que sempre gostou de premiar o mais ousado e não o mais subtil.

 

E o Óscar vai para - The Wolfman

E a Surpresa é - Barney´s Version

E o Óscar Devia ir para - The Way Back

 

 

 

 

 

 

MELHOR EFEITOS VISUAIS

 

Cinco candidatos, mas só um favorito.

 

O trabalho visual de edição de Inception é, claramente, um dos pontos mais altos do ano cinematográfico. Filme revolucionário e entusiasmante, Inception não tem, à partida, rival à altura para lhe disputar uma estatueta merecida e altamente cobiçada.

 

Na luta estão ainda o penúltimo filme da saga de Harry Potter - que nunca teve uma boa relação com as estatuetas douradas - e o ambicioso Alice in Wonderland, mais um sucesso comercial para o improvável Tim Burton que caiu no goto dos técnicos membros da Academia com várias nomeações chave.

 

Ainda nomeados - mas sem grandes oportunidades - Hereafter e o seu imenso tsunami e Iron Man 2, que não lograr sacar o mesmo proveito do que o filme original, uma das sensações de 2009.

 

E o Óscar vai para - Inception

E a Surpresa é - Harry Potter and the Deathly Hallows

E o Óscar Devia ir para - Inception




Autor Miguel Lourenço Pereira às 10:24
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Terça-feira, 22 de Fevereiro de 2011

Oscarwatch 2010 - Categorias Sonoras

São quatro estatuetas douradas que dão cor e som à noite do Kodak Theather.

Este ano esperam-se, outra vez, polémicas sobre os temas que subirão ao palco mais do que, propriamente, sobre os ganhadores. Não se prevêm vencedores repetidos e se The Social Network quer, realmente, rivalizar com The King´s Speech, pode começar aqui a afiar os dentes. A banda sonora de Trent Reznor terá pela frente a bela partitura de Alexander Desplat. Um duelo que espelha bem o ritmo com que se viverá, em máximas pulsações, a noite das estatuetas douradas.

 

 

 

 

 

MELHOR BANDA SONORA

 

Numa das categorias de maior glamour da noite, o duelo entre The King´s Speech e The Social Network abre também portas a Inception, tido genericamente como o terceiro filme em discórdia deste ano cinematográfico. Três notáveis trabalhos musicais que pautam, cada qual à sua medida, o ritmo dos seus filmes. Do classicismo supremo de Desplat ao tom alternativo que Reznor e Fincher tentaram imprimir a The Social Network deverá sair o ganhador. Mas é impossível esquecer a brutalidade sonora que acompanha cada frame de Inception, trabalho memorável de Thomas Newton.

 

Um trio de luxo que relega para um segundo plano os ritmos nativos de 127 Hours (de novo a dupla Boyle-Rahman) e o espirito mais juvenil de How to Train Your Dragon (óptima partitura de John Powell) e que concentrará todas as atenções.

 

Se a popularidade de The King´s Speech é real - e muitos começam a duvidá-lo (mas afinal, não é assim todos os anos?), esta estatueta devia abrir caminho a uma noite de consagração com mais de meia dúzia de Óscares no bolso. Se The Social Network consegue um inesperado comeback (depois de já ter sido o lider da corrida durante largos meses), vencer aqui seria um sinal notável de inflecção. Se, por algum acaso, a Academia se esquecesse da corrida principal e se concentra no som, a vitória de Inception é possível o que tornaria o filme de Christopher Nolan no rei das categorias técnicas, um cenário que não é, de todo, descabelado.

 

E o Óscar vai para - The King´s Speech (Alexander Desplat)

E a Surpresa é - Thomas Newton (Inception)

E o Óscar Devia ir para - Thomas Newton (Inception)

 


 

MELHOR TEMA

 

É uma categoria à parte que os analistas nunca souberam interpretar dentro do espirito que rodeia a corrida aos Óscares. Já serviu para confirmar nomes extremamente mediáticos como para causar profundas surpresas quando algumas das estrelas ficam de cara azeda nos seus lugares e vêm um candidato surpresa emergir como ganhador.

 

Na edição de 2010 a Academia recuperou alguns dos seus chichés.

Há música country (cortesia de Gwyneth Paltrow e do seu Coming Home do filme Country Song), há músicas de filmes animados (Tangled, da Disney, com I See the Light e We Belong Together de Toy Story 3) e um representante do top 10, candidato a melhor filme, neste caso 127 Hours e o poético If I Rise.

 

Sem favoritismos pode-se esperar um pouco de tudo. A nossa aposta vai para o filme da Pixar, um dos mais amados do ano num género sempre popular nesta categoria em concreto. Mas não surpreenderia ninguém que o filme de Danny Boyle conseguisse aqui o seu único trofeu da noite.

 

E o Óscar vai para - Toy Story 3 (We Belong Together)

E a Surpresa é - Tangled (I See the Light)

E o Óscar Devia ir para - 127 Hours (If I Rise)

 

 

 

 

MELHOR EDIÇÃO SOM

 

A edição sonora faz parte de um trabalho fundamental de coordenação entre som e imagem e dentro das categorias técnicas é, claramente, uma das mais importantes. Por pouco mediatismo que acarrete. Desde a introdução definitiva do som no cinema contemporâneo, a coordenação e montagem sonora é chave para um filme se transformar em algo mais do que celuloide em movimento.

 

Na corrida este ano a luta está entre dois filmes que exploram muito bem a relação entre o som e o silência. Desde o Oeste Selvagem de True Grit aos subterrâneos da mente humana em Inception, torna-se perceptivel que mais do que a belissima imagem de ambos os filmes (talvez os dois melhores cinematografados do ano) há também um profundo respeito pela descrição sonora. Um pulso durissimo entre dois filmes igualmente merecedores e que levam vantagem sobre o resto da concorrência, mais convencional (Toy Story 3 e Unstoppable) e mais ousada (TRON Legacy).

 

E o Óscar vai para -True Grit

E a Surpresa é - Inception

E o Óscar Devia ir para - Inception

 

 

 

 

MELHOR SOM

 

Apesar de ser visto como um filme convencional o trabalho técnico de The King´s Speech é primoroso e circula, como não podia deixar de ser, à volta do som que sai (ou não sai) da voz de "Bertie" (Jorge VI). Um trabalho de suspense auditivo tremendo que poderá entrar para a galeria de prémios conquistados pelo filme de Tom Hooper. Isso significaria, sobretudo, uma passadeira vermelha a The King´s Speech. Mas não deixa de ser um cenário complicado. Porque há Inception.

 

Se Nolan não convenceu a Academia a abrir as portas ao filme nas categorias de maior prestigio (Realizador, Actor, Actriz Secundária, Montagem), a verdade é que o ousado blockbuster estival continua a ser visto como o rei das categorias técnicos e não é nada improvável que some duas ou três estatuetas ao largo da noite. Esta seria a mais provável de todas.

 

Também nomeados, Salt, True Grit e The Social Network terão uma labor complexa para mudar à última hora uma tendência que vem sendo confirmada pelos diversos prémios técnicos e criticos ao filme de Nolan ou ao "momento" que atravessa a obra de Hooper.

 

E o Óscar vai para - Inception

E a Surpresa é - The King´s Speech

E o Óscar Devia ir para - Inception

 



Autor Miguel Lourenço Pereira às 13:24
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Oscarwatch 2010 - Contagem final

A partir de hoje o Cinema revela as suas apostas para a gala dos Óscares que terá lugar no próximo domingo, 28 de Fevereiro, no Kodak Theather em Los Angeles.

 

Um ano polémico, repleto de surpresas e onde, certamente, haverá recordes por bater. Tudo pode suceder, o favoritismo anunciado de um filme (The King´s Speech) pode não ser suficiente para bater o favorito da critica (The Social Network) num round que será disputado categoria por categoria. Os prémios mais importantes da indústria (as Guilds ou os Sindicatos) coroaram nas categorias principais o filme britânico (DGA, PGA, SAG) e nas técnicas o filme de Fincher (a última das quais, o Eddie, um dos prémios mais importantes para antecipar o ganhador da estatueta mais cobiçada). Será um mano a mano intenso e que volta a levantar a polémica entre o Hollywood comercial e emocional e o Hollywood intelectual e inovador. Duas realidades lado a lado que repetem o duelo de 2010. Na altura o milionário Avatar perdeu diante do mais pequeno The Hurt Locker. Mas esse cenário é bastante mais complexo esta temporada com muitos filmes que bailam dentro da pista que tanto agrada à Academia no meio da luta. E que pode significar muito na hora de dividir os votos finais.

 

Se parece certo que as categorias mais previsiveis sempre o estiveram durante toda a corrida (Firth como Actor, Portman como Actriz, os dois favoritos nas categorias de Argumento Original/Adaptado), a verdade é que há ainda muito espaço para a dúvida. Fincher vs Hooper, divisão entre filme (The King´s Speech) e realizador (Fincher)? O popular Rush vs o imenso Bale? O elenco feminino de The Fighter (Leo e Adams)contra uma jovem promessa (Steinfeld) e uma britânica consagrada (Bonham-Carter)? Tudo questões por resolver que os prémios prévios à gala não souberam nunca aclarar verdadeiramente.

 

Numa gala mais curta e sem tanto espectáculo à mistura a Academia aposta na novidade. Dois apresentadores jovens (Hathaway e o nomeado Franco), um ritmo mais perto dos Globos de Ouro mas sem a perigosa ironia destilada pelos inofensivos apresentadores e sem espaço para o superficial (os clips, os vencedores honorários, algumas áreas técnicas). O espectáculo encolhe-se mas não perde o atractivo de todos os anos.

 

Um rei gago contra um rei virtual. A margem de manobra é curta, o vencedor já o foi na realidade. A ficção será apenas mais um detalhe para a mitologia futura de um mundo onde os reis nunca perdem.

 

A partir de hoje, ronda final de Oscarwatch, aqui, como sempre!

 

 

 

Categorias:

Autor Miguel Lourenço Pereira às 00:25
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Segunda-feira, 21 de Fevereiro de 2011

Irão supremo em Berlim

Sob o fantasma ausente do cineasta iraniano Jafar Panahi (membro convidado do juri), o Festival de Berlim rendeu-se ao seu conterrâneo Asghar Farhadi e à obra Nader and Simin, um espelho das relações sociais no Irão do século XXI mas também das convulsões em que vive o país. O filme viu as suas rodagens suspendidas durante largas semanas e correu sérios riscos de ter ficado indefinidamente na prateleira.

 

O filme criou de tal forma um impacto no juri presidido por Isabella Rosselini que conseguiu um inusitado leque de prémios. Ao Urso de Ouro, entregue ao Melhor Filme, juntaram-se também os prémios de Melhor Actor e Melhor Actriz para o elenco masculino e feminino do filme onde pontificavam as figuras de Farhadi Sarina e Bayat Sareh.

 

O Prémio Especial do Juri foi entregue a A Torinói Ló enquanto que o galardão ao Melhor Realizador recai nos mãos do cineasta local Ulrich Köhler por Schlafkrankheit.

 

O Festival de Berlim surpreendeu pelos números positivos de espectadores e aproveitou ainda a oportunidade para relembrar a inesquecível filmografia do cineasta sueco Ingmar Bergman com uma reexibição da sua obra.

 

 


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    Autor Miguel Lourenço Pereira às 09:58
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