6º
The Town
Profundo exercico de profundidade filmica, em The Town houve uma tripla confirmação. Que Jeremy Renner é um grande actor em potência. Que Ben Affleck é um grande realizador em potência. Que o cinema dos Eastwood e Scorsese terá sempre herdeiros em potência. O que The Town consegue criar é um espirito de regresso ao passado, ao bom cinema heist, que conheceu a sua última belle époque na década de 70. O filme da crueza humana, relembrando os dias de um tal Scorsese em Mean Streets e de Eastwood em Mystic River. E relembra que Hollywood pode e sabe ser original quando quer, havendo mais do que mão de obra e ideias suficientes para criar uma dinâmica captivante do principio ao fim. Num filme profundamente masculina há exemplos femininos sólidos e bem longe dos esteriótipos, há uma profunda busca de redenção e um retrato de dor e impotência que se estende hoje a qualquer realidade suburbana do Mundo. Um filme que é, também, uma história de amor e uma promessa de que algo melhor está sempre por vir.
7º
The American
Há alguma crueza no frame final de The American, uma especie de punição divina que por muito inevitável que soa não deixa de confirmar o tom amargo de cada movimento narrativo que vai acompanhando a última missão de um assassino a soldo numa aldeia perdida no meio do monte no coração de Itália. Há um padre com remorsos, uma belissima prostituta à procura de um rumo e um homem farto de ter de se esconder. No meio deste cruzar de emoções um objectivo nunca claro, uns coadjuvantes que soam a falso e um ritmo pausado, fotográfico e cinzento, capazes de transformar a solarenga Campania num prelúdio eterno do Hades. The American é, portanto, um filme imprevisível e de um ritmo muito europeu com um desempenho extremamente sólido de um actor que parece ter sido moldado para este tipo de papeis e com um cineasta que confirma ter um toque de distinsão que promete algo novo a cada twist. E em The American o que não faltam são movimentos seguros e desconcertantes. Como a vida em si mesma.
8º
The Ghost Writer
Quem leu primeiro o livro de Robert Harris sabe que a tarefa de Polanski estava facilitada por uma trama muito bem estruturada com base numa ficção que não dorme muito longe da realidade. O excelento argumento do autor britânico abre as portas para um thriller noir intenso e sereno que o realizador polaco sabe manobrar com a precisão de um relógio, controlando os tempos e os segredos com a certeza de que o caminho final é um só e que os atalhos acabarão todos por mergulhar na avenida principal. Se Ewan McGregor exacerba o seu habitual ar de espanto a cada frame, Pierce Brosnan confirma-se como um eterno seductor e rapta a camara com facilidade dando uma profundidade à narrativa filmica que a obra escrita não possui. Rei dos filmes europeus do ano, The Ghost Writer caminha quase sempre pela estrada certa e mesmo os solavancos que surgem pelo caminho apenas servem para preparar o espectador para tudo menos para o final, destilado como um whisky forte, não apto para os mais débeis.
9º
An Education
O cinema britânico sempre teve um toque de subtileza que lhe permite mergulhar no universo social com mais certezas do que dúvidas, fugindo do existencialismo continental e da falsidade norte-americana. Esse respeito pelo real e essa absorsão do mundano permitem que, de tempos a tempos, surjam obras da talha de An Education.
A dinamarquesa Lone Scherfig pegou num guião do muito britânico Nick Hornby sobre uma adolescente seduzida pela Londres do twist (e não só) e montou um filme delicioso e mordaz onde a critica social da mentalidade fechada dos ingleses dos anos 50 encontra já o eco da liberdade que os swinging sixties iriam proporcionar aos mais ousados. No meio desse turbilhão de emoções e dúvidas surge a imagem chocantemente apaixonante de Carey Mulligan. A jovem rapariga do frame 1 dista muito da emancipada mulher do frame final. Pelo meio assistimos a um filme profundamente feminino e sedutoramente humano que acenta, e muito, na qualidade interpretativa da grande revelação do ano cinematográfico, uma verdadeira lufada de ar fresco que ajuda a relembrar que, no cinema como em tantas outras coisas, os ingleses têm um toque muito especial.
10º
Invictus
Clint Eastwood tem um toque de classe que o torna especial. Qual rei midas, qualquer projecto que toque, por muito inverosímel que soe, torna-se um filme obrigatório de ver, rever e pensar. Até mesmo a sua primeira aventura no mundo do desporto (e num desporto tão pouco americano) se transforma numa épica humana que faz todo o sentido para quem seguiu a evolução na carreira do último dos clássicos norte-americanos. Com um dos seus actores fetiches (Morgan Freeman como o ponderado Nelson Mandela) e o redescoberto Matt Damon (que repescou para Hereafter), o cineasta montou na perfeição o cenário em que se encontrou a África do Sul do pós-apartheid, onde o desporto serviu, mais do que nunca, para unir os dois pólos raciais que se enfrentavam no país. Um filme terno, intenso e filosófico, misturado com belas sequências de acção e um ritmo captivante, Invictus é sem dúvida um marco cinematográfico no ano que termina e uma confirmação absoluta de que a filmografia de Eastwood se aprimora a cada ano que passa.
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